No início de 2023, a China emitiu novas regras sobre a atividade religiosa que reforçam a supervisão do clero e das congregações. Tais regras alinharam a religião com a cultura tradicional e com o “Pensamento de Xi Jinping”, mistura de marxismo e nacionalismo do líder chinês.
A constituição da China diz que os cidadãos comuns gozam de “liberdade de crenças religiosas” e o governo reconhece oficialmente cinco religiões: Budismo, Catolicismo, Islamismo, Protestantismo e Taoísmo. O Pew Research Center listou ítens sobre o tema, parte de um estudo maior, intitulado “Pesquisando a religião na China”.
1 – A China segue a política de “sinicização”, que exige que os grupos religiosos alinhem as suas doutrinas, costumes e moralidade com a cultura chinesa
A campanha afeta particularmente as chamadas religiões “estrangeiras” – incluindo o Islã, bem como o Catolicismo e o Protestantismo –, cujos adeptos deverão dar prioridade às tradições chinesas e mostrar lealdade ao Estado.
2 – Essa sinicização assume várias formas
As autoridades removeram cruzes das igrejas e demoliram as cúpulas e minaretes das mesquitas para que parecessem mais chinesas. Foi alegadamente pedido aos pastores e imãs que se concentrassem em ensinamentos religiosos que refletissem valores socialistas. O governo também planeja publicar uma versão comentada do Alcorão que ajudará os ensinamentos islâmicos a alinharem-se com a “cultura chinesa na nova era”.
3 – O Cristianismo na China é governado por vários conjuntos de regras
Os cristãos estão autorizados a adorar em “igrejas oficiais” registradas junto a agências governamentais de supervisão. No entanto, muitos cristãos recusam esta supervisão e rezam em igrejas clandestinas. Desde 2013, o governo proibiu a evangelização online, reforçou o controle sobre as atividades cristãs fora dos locais registrados e fechou igrejas que se recusam a registrar-se.
Em 2018, o Vaticano e a China assinaram um acordo sobre as nomeações de bispos para ajudar a aliviar as tensões entre os católicos chineses – um acordo muito criticado. Desde então, o governo chinês intensificou os esforços para trazer as igrejas católicas para o sistema oficial e intensificou a sua pressão sobre aqueles que se recusam a aderir.
4 – A China trata o Budismo – particularmente o Budismo Han, o ramo mais difundido no país – de forma mais branda do que o Cristianismo ou o Islã
Xi Jinping frequentemente elogia os budistas Han por terem integrado crenças e práticas confucionistas, taoístas e outras crenças e práticas tradicionais chinesas. Ao mesmo tempo, a China reprime os budistas tibetanos. Recentemente, as autoridades chinesas foram acusadas de realizar campanhas de “reeducação política”, para desencorajar a lealdade ao Dalai Lama. Além disso, o governo chinês tem sido criticado por demolir monumentos budistas tibetanos, incluindo mosteiros e estátuas.
Vídeo para entender porque não existe pastores milionários na China. pic.twitter.com/HLkvnYYy2F
— Pedro Ronchi (@PedroRonchi2) January 16, 2024
5 – Tradições espirituais populares desempenham um papel importante na China
O governo incentiva algumas atividades que considera parte do patrimônio cultural da China e financiou a renovação de alguns templos de religiões populares. As pessoas na China podem venerar o filósofo chinês Confúcio e participar em festivais de templos onde divindades populares – por exemplo, Mazu, a deusa do mar – são adoradas.
O governo chinês encarregou os governos locais de regulamentar as atividades religiosas populares para garantir que reflitam a herança cultural e sejam guiadas por valores socialistas. Desde 2015, as autoridades locais têm registrado templos com importância histórica e cultural e envidado esforços para colocar o seu pessoal e atividades sob a supervisão do Estado.
6 – Atividades religiosas que não se enquadram nas cinco religiões oficialmente reconhecidas são categorizadas como “superstição” ou “culto maligno”
A lei chinesa proíbe a bruxaria e a feitiçaria, e o governo opõe-se às práticas religiosas populares que incluem um elemento supersticioso, como o disparo de fogos de artifício para afastar os maus espíritos. Alguns grupos, incluindo o Falun Gong, a Igreja da Unificação e os Filhos de Deus, foram banidos. O governo foi acusado de prender praticantes do Falun Gong e submetê-los a tortura sistemática, como a extração forçada de órgãos.
7 – O Partido Comunista Chinês promove o ateísmo e desencoraja os cidadãos a praticarem a religião
Os 281 milhões de chineses que pertencem ao PCC são oficialmente proibidos de se envolverem numa ampla gama de atividades espirituais. Ainda assim, o PCC tolera o envolvimento ocasional em costumes culturais. Por exemplo, é aceitável visitar templos de vez em quando. Mas visitar templos em todos os dias religiosos importantes ou consultar videntes pode levar à expulsão do PCC.
8 – Menores de 18 anos são proibidos por lei de ter qualquer filiação religiosa
Há também uma proibição da educação religiosa, incluindo escolas dominicais, acampamentos de verão e outras formas de grupos religiosos juvenis. As escolas concentram-se na promoção da não-religião e do ateísmo, e muitas crianças ingressam em grupos de jovens afiliados ao PCC, onde devem comprometer-se com o ateísmo.