Finalmente Fernando Capez agendou a reunião de formação do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, presidida por ele.
Num flagrante desrespeito ao Regimento Interno, o conselho será constituído um ano e cinco meses após o início da legislatura.
A reunião de formação está agendada para quarta-feira, dia 20. Capez decidiu se coçar após receber requerimento de informações alertando para o problema da não instalação.
“É urgente a convocação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e o início de seus trabalhos considerando que a Operação Alba Branca revelou depoimentos e fatos envolvendo, além de agentes públicos e políticos do Executivo, agentes políticos desta Casa”, diz o texto numa clara referência a Capez.
O documento foi subscrito por outros quatro parlamentares: Carlos Giannazi (PSOL), Carlos Neder (PT), Leci Brandão (PcdoB) e Raul Marcelo (PSOL).
O Conselho de Ética é responsável por averiguar irregularidades cometidas por parlamentares da Casa, que podem sofrer condenação criminal e perda de mandato caso seja comprovado um crime.
A ideia dos deputados é botar o conselho para apurar as irregularidades apontadas no escândalo da merenda, como ficaram conhecidas as investigações da Operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público, que desbaratou um esquema de contratos superfaturados na compra de alimentos para merendas escolares no estado.
Capez é citado como beneficiário da propina por Marcel Ferreira Júlio, detido no dia 31 e liberado na terça-feira (5/4) após fechar acordo de delação premiada.
A relação com o deputado já havia se estabelecido quando grampos autorizados mencionaram pagamentos feitos ao seu ex-assessor, Jéter Rodrigues.
Algumas das razões para que a comissão esteja se formando tardiamente é que no primeiro encontro ela é comandada pelo deputado mais velho, no caso Campos Machado (PTB).
Aliado de Geraldo Alckmin, de quem foi candidato a vice na fracassada tentativa de conquistar a prefeitura, em 2008, Machado tem fama de mandar na Assembléia, junto com Barros Munhoz (PSDB).
Sem o beneplácito de ambos, nada acontece na Casa.
A se levar em conta a postura de Machado em plenário, a última coisa que os deputados vão fazer é debater o mais vergonhoso escândalo da Era Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes.
O antiquado líder é quem comanda as obstruções durante as sessões, de forma a ganhar tempo, cansar o público das galerias e jogar o debate para debaixo do tapete.