Como Bolsonaro se aproximou dos “kids pretos”, militares apontados como mentores do 8/1

Atualizado em 30 de setembro de 2023 às 8:41
Bolsonaro e o general Mario Fernandes, um dos kids pretos, que foi para seu governo depois de ir para reserva – Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

A proximidade entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e membros do Comando de Operações Especiais do Exército, conhecido como “kids pretos”, já havia chamado a atenção da alta cúpula militar durante o governo anterior.

Hoje, integrantes desse grupo estão sob investigação da Polícia Federal (PF), suspeitos de terem desencadeado os atos de 8 de janeiro. O primeiro alvo das investigações foi o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes, que foi alvo de busca e apreensão na última sexta-feira (29) e prestou depoimento.

Os “kids pretos” são especialistas altamente treinados em operações especiais do Exército, incluindo ações de sabotagem e apoio à insurgência popular, conhecidas como “operações de guerra irregular”. Também referidos como “forças especiais”, eles compõem a elite de combate do Exército.

Bolsonaro demonstrou interesse nesse grupo de elite das Forças Armadas desde o início de seu governo. Em 2019, o então presidente viajou até Goiânia, onde está localizado o Comando de Operações Especiais, e chegou a praticar tiro ao alvo no local. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo.

Na ocasião, foi acompanhado pelo então comandante Mário Fernandes, que fazia parte do grupo. O general se aposentou no ano seguinte e posteriormente se tornou assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República, onde permaneceu até o final da gestão bolsonarista.

Bolsonaro e o general Mario Fernandes, um dos kids pretos – Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

Após a derrota do ex-mandatário para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Mário Fernandes manifestou insatisfação e fez apelos a colegas militares e ao então comandante do Exército, Freire Gomes, para que “agissem”, conforme reportagem da revista Piauí.

Durante seu governo, Bolsonaro cercou-se de membros dos “kids pretos”. Além de Mário Fernandes e Ridauto Lúcio Fernandes, que também atuou como diretor de logística do Ministério da Saúde, outros nomes do primeiro escalão do governo tiveram passagens por esse grupo antes de ingressarem na reserva.

Isso inclui o deputado federal e ex-ministro Eduardo Pazuello (PL-RJ), o coronel da reserva Élcio Franco, que ocupou a posição de número 2 de Pazuello no Ministério da Saúde, e o ex-ministro da Casa Civil e da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos. Outro nome que fez parte da Força Especial foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e agora delator.