Computador de Ramagem imprimiu currículo de promotora do caso Marielle, diz CGU

Atualizado em 29 de janeiro de 2024 às 12:46
O ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O currículo da promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável pela investigação do caso Marielle, foi impresso no computador de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), segundo a Controladoria-Geral da União (CGU).

O órgão aponta que um resumo do documento estava no servidor utilizado por Ramagem. Na ocasião, Sibilio coordenava o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e atuava na força-tarefa do inquérito sobre o assassinato da vereadora. Ela deixou o caso em 2021.

O currículo foi encontrado em meio a uma série de documentos impressos pela “estrutura paralela” da agência e ajudou a embasar a investigação da Polícia Federal sobre o esquema de espionagem ilegal da Abin.

De acordo com a CGU, o documento “tem a mesma ausência de identidade visual nos moldes dos Relatórios apócrifos da estrutura paralela”. Em meio à investigação, o órgão descobriu que as impressões feitas pela Abin deixavam um rastro, gerando um “log”, uma espécie de registro no sistema que mostra a identidade do usuário da ferramenta espiã FirstMile.

A promotora de Justiça do Rio Simone Sibilio. Foto: Divulgação/MPRJ

O currículo da promotora está em um conjunto de 120GB (gigabytes) de documentos que foram recuperados pela CGU e compartilhados com a PF. Foram produzidos diversos relatórios sem a logomarca da Abin sobre pessoas que não tinham relações com as atribuições da agência e não eram alvos de trabalhos em curso.

Ramagem havia dito que não sabia quem era o servidor responsável por acessar o currículo da promotora e avaliou que era responsabilidade da Polícia Federal “verificar” quem foi o membro da Abin que buscou as informações.

“Quando chegou a mim a questão da Marielle eu fiquei: ‘como é possível?’. Aí eu verifiquei que não tem nada a ver com o sistema. É o currículo da promotora e parece que é uma informação que circulou aí. A inteligência é a coleta de dados e de informações. Se tem um servidor, e eu não sei quem acessou, tem que verificar, Polícia Federal, quem alimentou e quem é a pessoa que colocou o currículo da promotora. E perguntar a essa pessoa o porquê”, afirmou Ramagem em entrevista à GloboNews.

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