Contra Lula, Dallagnol queria vazar a jornalistas informações sobre antena da Oi em Atibaia

Atualizado em 12 de fevereiro de 2021 às 20:09
Deltan Dallagnol e Lula. Foto: Agência Brasil/AFP

Originalmente publicado em REVISTA FÓRUM

Por Lucas Rocha

No mesmo dia em que ironizava uma horta que seria mantida pela ex-primeira-dama Marisa Letícia no Sítio de Atibaia, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, revelava mais uma de suas estratégias contra o ex-presidente Lula.

Dallagnol comentava, em 8 de fevereiro de 2016, com outros procuradores sobre a presença de uma antena telefônica da Oi localizada próxima ao Sítio de Atibaia, de propriedade de Fernando Bittar, parente do ex-presidente. “Essa antena é mais uma prova de que o negócio é Lula, e não Bittar”, afirmou em chat.

Sem detalhar a razão de tanta convicção aos colegas, o coordenador da Lava Jato propõe usar essa informação como uma estratégia midiática para “ir desgastando” Lula, diz que “não ganha nada com sigilo” e aponta que a imprensa poderia investigar – papel que é do Ministério Público no caso de uma denúncia.

“Acho que seria bom informar a imprensa dessa antena. Não ganhamos nada com o sigilo e ajudará a ir desgastando. De quebra, a imprensa pode investigar e descobrir novas coisas aí, dentro de nossa janela apertada de tempo”, escreveu.

Ele ainda traça a estratégia para conseguir pautar a mídia: “Daria pra informar algum jornalista para quem estejam devendo favor ou que esteja sendo bacana nesse caso”.

A estratégia de Deltan deu certo. O assunto dominou jornais como Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo naquele mês de fevereiro, atribuindo a antena telefônica a um “amigo de Lula”. Na época, Lula não seria nem mesmo cliente Oi.

No fim das contas, essa suposta “prova” não entrou na denúncia do Ministério Público Federal relativa ao Sítio de Atibaia.

Spoofing

A conversa foi obtida pela defesa do ex-presidente Lula através dos arquivos da Operação Spoofing, foi periciada e enviada ao Supremo Tribunal Federal em petição apresentada nesta sexta.

CONFIRA:

Conversa presente nos arquivos da Operação Spoofing
Reprodução
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