“Precisamos atingir Lula na cabeça”: o esquadrão da morte da Lava Jato torturava e fazia uma caçada humana

Atualizado em 12 de fevereiro de 2021 às 17:27
Os procuradores da extinta Lava Jato em tempos mais felizes

Gilmar Mendes definiu a Lava Jato perfeitamente — mais uma vez, reconheça-se.

“Acho que temos que fazer as correções devidas, tenho dito e enfatizado que Lula é digno de um julgamento justo”, falou o ministro do Supremo em entrevista ao UOL.

“Independentemente disso, temos que fazer consertos, reparos, para que isso não mais se repita”.

Segundo Gilmar, “o que se instalou em Curitiba era um grupo de esquadrão da morte, totalmente fora dos parâmetros legais”.

Um esquadrão da morte.

No julgamento da 2ª turma do Supremo sobre o compartilhamento das mensagens com a defesa de Lula, Gilmar mencionou a “tortura feita por essa gente bonita de Curitiba”.

É preciso dar às coisas o nome que elas têm.

Uma nova petição à corte por parte de Zanin traz um pacote de mensagens estarrecedor.

Nos diálogos da Operação Spoofing, aquela “gente bonita” pondera que, se tentasse “atingir ministros do STF” naquele momento, poderia comprar brigas “com todos ao mesmo tempo”.

De acordo com a procuradora Carolina Rezende, que aparece como “Carol”, “atingirmos nesse momento o ministro mais novo do STJ [Superior Tribunal de Justiça]”, como já havia ocorrido. “

Tá de bom tamanho”, diz ela, que integrava a equipe de Rodrigo Janot na PGR.

“Pessoal, fiquei pensando que precisamos definir melhor o escopo pra nós dos acordos que estão em negociação. Depois de ontem, precisamos atingir Lula na cabeça (prioridade número 1), pra nós da PGR, acho q o segundo alvo mais relevante seria Renan”, escreve.

Eles vão alegar que é no sentido figurado. Wilson Witzel também. O então governador do Rio mandou sua polícia “mirar na cabecinha e… fogo”, mas era só da boca para fora, certo?

Os métodos das delações premiadas são os mesmos do time de Sérgio Paranhos Fleury, o psicopata torturador que chefiava o DOPS de São Paulo durante a ditadura.

Isso, relata um procurador, era o “clima de botequim” da República de Curitiba. Imagine o do porão.