Coronel da PM diz que morte de policial é “lado trágico de liberalidade de armas”

Atualizado em 18 de dezembro de 2023 às 22:39
Milene Bagalho Estevam sorrindo em foto em preto e branco
Milene Bagalho Estevam morreu em tiroteio no sábado (16) – Reprodução

No último sábado (16), um tiroteio em São Paulo resultou na morte de uma policial civil e dois homens, evidenciando, segundo o coronel José Vicente, da reserva da Polícia Militar de São Paulo, as consequências negativas da liberação de armas.

Em entrevista ao UOL News nesta segunda-feira (18), o coronel destacou a falta de cuidado na concessão de liberdade a indivíduos envolvidos em crimes graves, como homicídio e agressão, ressaltando a necessidade de cautelamento e entrega das armas.

O episódio envolveu um empresário, na verdade, um indivíduo com indiciamento por crimes sérios. A decisão judicial de permitir que ele cumprisse o processo em liberdade sem a devida precaução quanto às suas armas contribuiu para a tragédia. O coronel enfatizou que a liberalidade no acesso a armas, especialmente para pessoas despreparadas, amplia o potencial de tragédias como essa.

“Se ele [o funcionário do empresário] era CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) ou não, essa é uma das tantas tragédias que existem e vão continuar existindo porque a liberalidade do acesso às armas para pessoas despreparadas, que não basta atirar no alvo, no barranco ou no estande de tiro para qualificar o indivíduo ao uso da arma. Estamos ampliando o potencial de tragédia desse tipo”, destacou José Vicente.

O tiroteio ocorreu durante uma investigação no bairro do Jardim América, onde a investigadora do Deic, Milene Bagalho Estevam, de 39 anos, perdeu a vida, juntamente com o proprietário da casa e um vigilante. A policial e seu colega foram atender a um chamado para investigar um furto, quando foram surpreendidos por disparos de um vizinho, que erroneamente os confundiu com criminosos.

Coronel José Vicente de roupa azul falando para a câmera
Coronel José Vicente criticou a liberalidade do acesso a armas para pessoas despreparadas – Reprodução/UOL

O vizinho, identificado como Rogério Saladino, de 56 anos, possuía histórico criminal por homicídio, lesão corporal e crime ambiental.

O caso foi registrado como homicídio e morte decorrente de intervenção policial na Divisão de Homicídios do DHPP, que agora conduzirá as investigações. As quatro armas envolvidas no incidente foram apreendidas, sendo duas pertencentes aos policiais civis e duas ao empresário. Além disso, durante a busca na residência, foram encontradas porções de drogas, conforme informações da secretaria.

O coronel José Vicente alertou para os riscos associados à liberalidade no acesso a armas, enfatizando que, em um país como o Brasil, a concessão de prestígio a categorias como caçadores, atiradores e colecionadores não tem relevância social, contribuindo para o aumento de tragédias e problemas relacionados ao uso indiscriminado de armas de fogo.

“Não vejo a menor utilidade, em um país violento como o Brasil, que tem menos armas e mata mais que os Estados Unidos, ter categorias tão prestigiadas como caçadores, atiradores e colecionadores. Não têm a menor relevância social para a sociedade e para o país, ter tamanho prestígio e possibilidade de acesso a uma quantidade enorme de armas e munições”, destacou Vicente.

O coronel concluiu: “Além de crimes como esses, tem problemas e incidentes domésticos devido às armas que aparecem em grande quantidade, sem contar o desvio para grupos de criminosos. Esse é o lado trágico para a liberalidade de armas”.

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