Ex-prefeito do Rio de Janeiro, Crivella virou o pivô de uma crise entre a Igreja Universal e o governo Bolsonaro. O bispo da igreja ligada a Edir Macedo espera há cinco meses a confirmação de que será embaixador na África do Sul, sem retorno. O gelo que o país africano vem dando é alvo de críticas da agremiação religiosa. O próprio líder do grupo vem dizendo, nos bastidores, que não há empenho.
Em conversa particular com um membro do alto escalão da IURD, o DCM ouviu que Edir Macedo está insatisfeito. Se, por um lado, na visão do Todo Poderoso da Igreja, a Itamaraty boicota a indicação de Crivella, por outro, Bolsonaro não ajuda.
“Edir acha que, se o presidente quisesse, já teria resolvido isso”, diz sob a condição de anonimato. Para a alta cúpula da Universal, não houve pressão e nem negociação com o país, que é aliado, para a aprovação. Enquanto a África do Sul não se manifestar, Crivella não pode assumir a embaixada do país.
Crivella, Universal e o Itamaray
Embora esteja insatisfeito com a gestão de Bolsonaro no tema, Edir Macedo culpa a Itamaraty pelo caso. Para ele, o órgão está boicotando o nome de Marcelo Crivella porque ele não é embaixador de carreira. Sem o apoio da área, somente uma movimentação do governo faria a indicação andar.
Nos bastidores do Planalto, existe a mesma crença. Interlocutores confirmaram que o Itamaraty não pretende fazer esforço para aprovar o nome ligado à IURD. E não se trata apenas do fato dele não ser embaixador, mas pela ligação com a Igreja. A Universal enfrenta uma crise sem precedentes após a crise ocorrida em Angola e o Itamaraty não quer se envolver. Um funcionário do órgão confirmou que Crivella embaixador significaria apoio a agremiação religiosa.
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Crivella, Universal e Bolsonaro
Mas pessoas ligadas a Edir Macedo confirmam que o bispo também está insatisfeito com Bolsonaro. Ele teria dito a aliados que um presidente da república pode muito e vem fazendo pouco para a IURD. Macedo está incomodado com as promessas que não se cumprem, entre elas, Crivella embaixador.
A Universal já havia ficado insatisfeita com a forma como o governo lidou com a crise na Angola e se sentiu órfã. A Igreja acredita que, para compensar, Bolsonaro deveria viabilizar Crivella na África do Sul. Nos bastidores, no entanto, Edir continua tentando a aprovação de seu pupilo para o cargo. Isso porque ele quer usar o aliado para alavancar a IURD no continente africano.