Dallagnol apela para Barroso após decisão do TCU contra ele

Atualizado em 12 de abril de 2022 às 20:34
Veja Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol. Foto: Wikimedia Commons

Deltan Dallagnol usou seu perfil do Twitter para se defender da decisão do TCU e também para fazer um apelo ao ministro Luís Roberto Barroso. Por unanimidade, o Tribunal de Contas da União responsabilizou o ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, e o ex-coordenador da Lava Jato de Curitiba pelo pagamento de cerca de R$ 2 milhões em diárias e passagens a procuradores da força-tarefa. O ex-procurador-chefe do Paraná, João Vicente Romã, também foi condenado.

O Ministério Público junto ao TCU concluiu que a Lava Jato poderia ter investido em opções mais econômicas. Em vez de serem transferidos para Curitiba, sede da operação, os dois recebiam ajuda para trabalhar na capital paranaense, como se estivessem em uma situação transitória. Foi assim que eles justificaram o reembolso por diárias e passagens.

O pagamento foi realizado entre 2014 e 2021 a cinco procuradores da Lava Jato, que eram lotados em outros estados. O total do valor gasto ao longo dos anos soma R$ 2,557 milhões em recursos públicos.

O caso pode afetar a intenção de Deltan em entrar para a política e disputar as eleições deste ano. Em 60 dias, será realizado pelo tribunal um novo julgamento.

Caso o ex-procurador seja condenado novamente, ele pode ser considerado inelegível e perder os direitos políticos.

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Veja o posicionamento de Deltan Dallagnol sobre a decisão do TCU

Soube agora que o TCU instaurou processo para me responsabilizar por diárias que foram pagas a outros procuradores da Lava Jato – e não a mim! – para que a força-tarefa pudesse recuperar mais de R$ 15 bilhões para a sociedade. Essa decisão é revoltante!

Depois de ser condenado a indenizar Lula em R$ 75 mil, o TCU agora quer me responsabilizar por diárias que eu não recebi e nem autorizei. A condenação, dessa vez, pode ultrapassar R$ 2 milhões. Aonde vai parar a vingança do sistema contra quem combate a corrupção?

O TCU claramente está forçando a mão ao tentar me responsabilizar pelas diárias que, novamente, NÃO RECEBI e NEM AUTORIZEI. Essa decisão é absurda porque eu nunca exerci função administrativa e nem trabalhei como ordenador de despesas no MPF, função que era exclusiva da PGR.

Se eu NÃO RECEBI e NEM AUTORIZEI o pagamento de diárias, por qual motivo o TCU quer me responsabilizar por algo que não fiz e nem tinha poder para fazer? A resposta é clara: o sistema quer VINGANÇA contra quem lutou contra a corrupção, como já disse o ministro Barroso.

Isso fica ainda mais claro quando vemos que 3 Procuradores-Gerais da República, vários Secretários-Gerais do MPF, a auditoria interna do MPF e a própria área técnica do TCU foram unânimes em dizer que as diárias obedeceram a lei e não há irregularidades, mas o TCU discordou.

O pagamento de diárias foi o modelo mais econômico possível para que especialistas em corrupção e lavagem de dinheiro de várias partes do BR pudessem trabalhar na força-tarefa. Como consequência, a Lava Jato alcançou resultados inéditos, como os R$ 15 bilhões recuperados

O TCU agora alega que o modelo adotado não foi o mais econômico e que os procuradores poderiam ter sido removidos para Curitiba, mas isso seria ilegal e não seria da minha atribuição, de acordo com a Lei Complementar nº 75/93.

A decisão do TCU mostra mais uma vez a completa inversão de valores que vive o BR. Quase todos os corruptos presos na Lava Jato estão livres ou com processos anulados e dinheiro no bolso, mas quem lutou contra a corrupção é perseguido e condenado por fazer o seu trabalho.

Não se engane: eles sabem que não recebi diárias, que não autorizei as diárias e que não tenho qualquer responsabilidade neste caso. Mas isso não importa. O que importa é me condenar, cassar meus direitos políticos e me tornar inelegível, para que a vingança seja completa.

Querem me calar, perseguir e intimidar, mas meu compromisso com o combate à corrupção e 1 país mais justo e melhor é inabalável. Vou me defender junto ao TCU e aguardar o resultado dessa apuração com coragem, determinação e o mesmo senso de propósito com que sempre trabalhei.

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