Dallagnol criou “Plano LULA”: ataques em série para “consumir moral” do ex-presidente

Atualizado em 2 de março de 2021 às 20:22
Deltan Dallagnol, o caçador, e seu alvo, Lula. Foto: Agência Brasil/AFP

O procurador federal em Curitiba e chefe da extinta Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, criou e colocou em prática o que ele mesmo batizou de “Plano do LULA”: a orquestração de uma série de ataques e denúncias contra o ex-presidente, que tinham por objetivo minar a imagem do ex-presidente perante a opinião pública e, também nas palavras dos procuradores da extinta força-tarefa, “consumir a moral” do acusado, para que ele deixasse “de ser a esperança de alguns”.

É o que mostram os diálogos dos agentes da Lava Jato em um aplicativo de celular que foram periciados pela Polícia Federal na chamada Operação Spoofing. No mês passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) levantou o sigilo dessas conversas e determinou que as autoridades competentes compartilhassem este conteúdo com os advogados de defesa de Lula.

Na última segunda-feira, uma nova parte desses diálogos foi protocolada pelos representantes do ex-presidente junto ao STF. É nela que se pode vero plano de Dallagnol para entrar acabar com aquele que a força-tarefa elegeu como seu maior alvo.

Conforme o DCM publicou na última segunda, especialistas em Direito Penal e Direito Processual penal explicam que a práticas de selecionar um alvo e contra ele voltar as baterias acusatórias de um órgão investigador (no caso, o Ministério Público Federal) é o que se chama “Direito Penal do Autor (ou do Inimigo)”, e não encontra guarida legal em nenhuma democracia do mundo.

Mas foi o que fizeram Deltan Dallagnol e sua turma, conforme se vê nas mensagens abaixo, do dia 16 de setembro de 2016, trocadas entre os procuradores. O plano do chefe da operação consistia em um ataque orquestrado com uma série de denúncias diferentes, ao longo de cinco semanas, em busca de otimizar o resultado perante à opinião pública.

O requinte do plano trazia inclusive a estratégia de “publicizar” em dias diferentes denúncias que seriam feitas no mesmo dia, para que os noticiários sempre tivessem algo a divulgar:

16 Sep 16

• 14:25:12 Deltan Caros, segue plano do LULA que consta em email anterior:

• 14:27:35 Deltan Acho que está algo defasado, mas temos que organizar as próximas etapas. Alguém tem algo mais atualizado? Semana 1 – Lula – triplex e lavagem – QUINTA DIA 28 (meta terça dia 26). Semana 2
corrupção da mudança – está pronto a lavagem, falta a corrupção que será a mesma da primeira denúncia. Semana – coringa – oferecer junto mas publicizar depois – cautelares patrimoniais – está pronto, só mudar o pedido. Semana 3 – lavagem sítio e corrupção odebrecht – Athayde vai trabalhar na corrupção. Semana 4 – LILS e palestras. Semana 5 – terreno Julio e Roberson trabalharão na lavagem. Assessor Isabel nas improbidades para irmos soltando 1. Triplex e mudança – Roberson e Julio 2. Sítio – tatá 3. Empréstimo schahin – Jerusa 4. Apartamento contíguo 5. Instituto e LILS 6. Terreno Odebrecht 7. Sete Brasil – tem chão Frentes – Griffen – antena oi – filhos – Estratégia de comunicação. Não é o triplex, e quem estava por trás do Mensalão, e o maestro, e o comandante. -Audiências Novo CENPES e Credencial – Diogo assumiu Credencial e Taccla. Novo CENPES.

• 14:29:48 Isabel Grobba Isso se chama integridade! Hehehe

Fonte: STF

Como se vê, Deltan Dallagnol utilizou uma série de procuradores sob seu comando para colocar em prática o “Plano do LULA”. O objetivo da operação se torna cristalino quando se lê as mensagens de outro procurador da Lava Jato, Antônio Carlos Welter, do dia 20 de abril de 2017.

O que se buscava era “consumir a moral de Lula aos poucos”, para que ele “deixasse de ser a esperança de alguns”:

20:40:51 Welter Prr O Lula precisa ser desmascarado antes de poder ser
preso.

• 20:41:12 Welter Prr Ele tem que deixar de ser a esperança de alguns

• 20:41:41 Welter Prr Vai ter que ter a moral consumida aos poucos

• 20:42:32 Welter Prr Vai ter que sair a acao do sitio e depois e da conta
amigo

• 20:42:37 Welter Prr E depois outra

Fonte: STF