Davi Alcolumbre também teve sua própria “rachadinha”. Por anos, o senador ficou com salários de seis assessoras em seu gabinete. Todas foram contratadas no gabinete do parlamentar, mas nunca trabalharam. Elas recebiam entre R$ 4 mil e R$ 14 mil mensalmente, mas não recebiam o valor de forma integral.
A diarista Marina Ramos Brito dos Santos, que ocupou o cargo de “auxiliar sênior” de Alcolumbre, conta que recebeu a proposta do próprio Alcolumbre. “O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era mais de R$ 14 mil, mas topei receber apenas R$ 1 350. A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado”. Ou seja, sua “gratificação” era de menos de 10% do salário total.
Erica Almeida Castro, estudante de 31 anos, conta que recebia ainda menos do que Marina. Ela conta que seu salário era o mesmo valor, mas só recebia R$ 900. “Eles ficavam até com a gratificação natalina. Na época, eu precisava muito desse dinheiro. Hoje tenho vergonha disso”, relata.
Além delas, a dona de casa Lilian Alves Pereira Braga, dona de casa de 29 anos, também foi usada pelo senador. Seu salário era de R$ 11 mil, mas recebia R$ 800. “Eles pegaram meu cartão do banco e a senha. Uma pessoa sacava o dinheiro e dava minha parte na mão”, conta.
Jessyca Priscylla de Vasconcelos Pires, também dona de casa de 29 anos, recebia R$ 5 mil e ficava com pouco mais de 15% do valor: R$ 800. Ela sacava o dinheiro no caixa e retirava sua parte, entregando o restante para Paulo Boudens, chefe de gabinete de Alcolumbre. Desempregada até hoje, ela recebe R$ 253 do Bolsa Família. “Tinha medo de denunciar isso, mas agora tomei coragem”, conta.
Larissa Alves Pereira Braga, mulher desempregada de 25 anos, recebia R$ 3 mil no cargo de “auxiliar júnior” Seus vencimentos somavam mais de R$ 5 mil, mas só recebia R$ 800. Ela está processando o senador: em outubro do ano passado, foi demitida sem aviso prévio enquanto estava grávida. “Estou pedindo indenização na Justiça, porque fui exonerada com sete meses de gravidez”, diz.
Adriana Souza de Almeida, mãe de cinco filhos e beneficiária do Bolsa Família, também foi arrastada para o esquema. Contratada como “ajudante júnior” entre maio de 2017 a fevereiro de 2021, recebia R$ 4 mil, mas só ficava com R$ 800.
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Esquema de Davi Alcolumbre custou R$ 2 milhões
Segundo a revista Veja, elas abriam uma conta no banco, entregavam o cartão e a senha para uma pessoa da confiança do senador e, em troca, ganhavam uma gratificação. O valor total da fraude foi de pelo menos R$ 2 milhões.
O esquema começou em janeiro de 2016 e funcionou até março deste ano. Mensalmente, os senadores têm direito a uma verba de R$ 280 mil para contratar auxiliares. Todas elas eram pessoas humildes que mal sabiam onde ficava o Congresso Nacional.
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