Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor
POR LUIS FELIPE MIGUEL, cientista político
Eu me somo a muitos milhares de brasileiros nos parabéns aniversariante de hoje.
Ele vai comemorar a data na sua cela em Curitiba, onde permanece como preso político há mais de 18 meses.
É possível concordar ou discordar de suas políticas quando esteve na presidência da República. Eu mesmo julgo que elas apostaram numa desmobilização popular que está cobrando um preço muito alto hoje.
É também possível concordar ou discordar das propostas que ele apresenta para enfrentar os retrocessos – na minha opinião, demasiado esperançosas da possibilidade de recompor um pacto como o que lhe permitiu chegar ao poder, em 2002.
Mas, certas ou erradas, ele tem o direito de defender suas ideias em praça pública.
E tem o direito de se submeter ao julgamento que lhe cabe, que é o julgamento político do eleitorado.
A conspiração judicial, midiática e policial que o mantém na prisão não é uma conspiração só contra ele. É uma conspiração contra a democracia, contra a Constituição e contra o Estado de direito.
Seu objetivo é impedir o funcionamento daquilo que há de mais elementar na democracia, que é a manifestação de uma vontade popular por meio do voto.
E quem está preso não é só a pessoa física, o ex-presidente.
Quem está preso é o maior líder popular da história do país. Quem está preso é o operário que se projetou na política como líder sindical e chegou à presidência.
O objetivo do golpe de 2016 foi anular a possibilidade de que o campo popular fosse aceito como interlocutor legítimo do debate político.
É essa interdição que permite que os retrocessos se sucedam – reforma trabalhista, congelamento dos gastos públicos, reforma da previdência. Os interesses populares simplesmente não têm voz, não são levados em conta.
A prisão de Lula simboliza esse veto, justamente porque Lula, gostemos menos ou mais de suas política, simboliza a presença popular na política brasileira.
A defesa da liberdade de Lula não é apenas a defesa dos direitos de um homem que hoje completa 74 anos, condenado sem provas por um complô entre procuradores canalhas e juízes canalhas – o que, no entanto, já seria motivo suficiente.
É também a defesa da democracia e do direito à luta das classes populares.
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