O ex-policial militar Élcio de Queiroz apontou, em delação premiada à Polícia Federal (PF), o possível envolvimento de Bernardo Bello, investigado como um dos líderes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Com informações da Folha de S.Paulo.
Segundo o depoimento de Élcio, o grupo liderado por Bello teria fornecido tanto o celular utilizado por Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos contra a vereadora e o motorista, quanto o veículo Chevrolet Cobalt prata conduzido pelo próprio ex-PM no dia do crime.
Bernardo Bello é ex-presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, a terceira colocada do carnaval carioca em 2023.
O chefe da segurança de Bello, José Carlos Roque Barboza, também é suspeito de ter participado do crime. Ele teria fornecido o carro a Lessa.
Parte das revelações do ex-PM embasaram a Operação Élpis, que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Côrrea, o Suel, apontado como responsável por campanas de monitoramento da vereadora e por atuar após o assassinato na tentativa de destruição de provas.
No novo depoimento, o ex-PM afirmou que o celular foi repassado ao atirador por Bello. O aparelho teria sido entregue após a primeira tentativa de cometer o crime, no final de 2017, e tinha como objetivo o manter o contato entre os dois.
“Vou falar posteriormente, encontros casuais, apareceu também celular, que eu achei estranho aquele celular aparecer pra ele. Ele [Lessa] costumava andar com celular de última geração, era um celular feio, mas era um smartphone. E o Ronnie não fala em telefone, só digita. Aí eu perguntei e ele falou que era de uma pessoa que tinha fornecido para ele”, diz um trecho da delação.
Os contatos entre Lessa e Bello eram mediados por Roque e por um outro ex-PM, Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé.
Segundo o delator, a dupla costumava buscar Lessa no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, para levá-lo à casa do bicheiro, no mesmo bairro. Para isso, usavam um Corolla branco.
O Ministério Público e a PF ainda investigam as informações fornecidas pelo delator. Neste sábado (29), o Disque Denúncia do Rio divulgou um cartaz pedindo mais informações sobre o paradeiro de Bello — ele está foragido e é suspeito de ser o mandante do assassinato de outras pessoas no Rio.