Delegado é preso suspeito de inventar crimes e manter ‘sala de extorsão’ no interior de SP; saiba quem é

Atualizado em 27 de março de 2024 às 11:47
O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho, do 1º Distrito Policial de Indaiatuba — Foto: reprodução

José Clésio Silva de Oliveira Filho, delegado da Polícia Civil de São Paulo desde 2010, foi apontado pelo Ministério Público como suspeito de liderar um esquema criminoso que extorquia dinheiro de empresários em Indaiatuba (SP), conforme informações do G1.

Na Operação Chicago, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP, o delegado foi preso temporariamente nesta terça-feira (26). Prevê-se que ele passe por audiência de custódia nesta quarta-feira (27).

Promotores de Justiça afirmam que Clésio mantinha uma “sala de extorsão” no 1º Distrito Policial (DP) de Indaiatuba, onde policiais ameaçavam incriminar detidos caso não pagassem propina à quadrilha.

Quem é José Clésio?

Clésio ingressou na carreira como delegado em 2010, atuando inicialmente nas delegacias da capital. Em março de 2021, chegou a Indaiatuba como delegado-assistente do 1º Distrito Policial. Com a transferência do então titular para Campinas, em janeiro de 2023, Clésio foi nomeado delegado-titular do 1º DP da cidade.

O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho, do 1º Distrito Policial de Indaiatuba — Foto: Gustavo Biano/EPTV
O delegado José Clésio Silva de Oliveira Filho. Foto: Gustavo Biano/EPTV

Em 15 de agosto de 2023, o investigado foi promovido a delegado de 1ª classe, a segunda maior graduação para delegados, pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Conforme publicado no Diário Oficial, a promoção foi por “merecimento”. Em fevereiro deste ano, Clésio teve remuneração bruta de R$ 29.657,20.

Como titular em Indaiatuba, Clésio ganhou destaque na mídia em dois casos, especialmente. Um deles foi o inquérito que investigou a morte de um engenheiro dentro da Festa do Peão de Indaiatuba e o outro foi a investigação sobre o assalto a uma joalheria no Shopping da cidade.

O crime

Além de Clésio, investigadores, guardas municipais, funcionários comissionados da Prefeitura e advogados estão sob suspeita de participação em uma organização criminosa.

De acordo com os promotores de Justiça, as investigações indicam que o delegado titular do 1º DP de Indaiatuba era o líder da organização criminosa, e os outros membros atuavam em grupos dentro do esquema, chamados de células de atuação.

No total, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão e 13 de prisão temporária (por 30 dias) nesta manhã, com o apoio da Polícia Militar e da corregedoria da Polícia Civil. Além disso, 15 veículos foram apreendidos.

Suspeita-se que os investigados exigiram pelo menos R$ 10 milhões em propina desde 2022 para arquivar investigações forjadas pelos suspeitos. Cerca de 10 proprietários de estabelecimentos comerciais, como supermercados, lojas de roupas e estacionamentos de veículos, estão entre as vítimas.

Segundo o Gaeco, o grupo de Indaiatuba produzia boletins de ocorrência, inquéritos e relatórios de investigação para justificar as exigências de pagamento, sob a forma de “resgate” de prisões decretadas ou garantias de não investigação.

Os boletins, as investigações e até as prisões eram falsificados. O Ministério Público afirma que dezenas de empresários foram extorquidos durante um ano, com os valores das extorsões variando de R$ 1 a R$ 3 milhões.

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