Demitida por Doria pela segunda vez, Denise Abreu ficou famosa por fumar charuto após tragédia com voo da Gol

Atualizado em 10 de julho de 2020 às 15:56

Denise Abreu é um nome que os Doria tentam ajudar ao mesmo tempo em que buscam mantê-lo debaixo do tapete.

O famoso vídeo do último dia 3, em que Bia Doria e Val Marchiori desfilam ignorâncias sobre população em situação de rua, despertou curiosidade sobre o Fundo Social, que fica sob o comando da primeira-dama.

Ali descobriu-se que a presidência estava há alguns meses sob responsabilidade de Denise Abreu, nomeação feita sem alarde. Tão logo questionado sobre o assunto, o governador Doria imediatamente nomeou outra pessoa para o cargo.

Denise Abreu é advogada, procuradora do Estado de São Paulo, mas há décadas afastou-se da procuradoria para ocupar cargos políticos. Na gestão tucana do governador Mário Covas, ela era chefe de gabinete da Secretaria de Saúde de São Paulo.

Conhecida por falar alto, bater na mesa e tratar de modo ríspido seus subordinados, Denise Abreu veio para os holofotes pela primeira vez durante sua passagem pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Diante de dois graves acidentes aéreos ocorridos no período, Denise Abreu revelou frieza e falta de empatia consideráveis.

Depois do acidente com o avião da Gol que colidiu com um jato Legacy, em 2006 – que resultou em 154 mortos – Denise deu a seguinte resposta a familiares das vítimas que estavam cobrando informações e maior empenho na busca:

“Vocês são inteligentes, o avião caiu de 11.000 metros de altura. O que vocês esperavam? Corpos?” Ela depois pediu desculpas, não diretamente aos familiares, mas diante do relator da comissão de investigação.

Poucos meses depois, em julho de 2007, uma nova tragédia. O caso do Airbus da TAM que acidentou-se na aterrisagem em Congonhas matando todas as 199 pessoas a bordo.

Em uma tensa reunião ocorrida menos de 24 horas do acidente, Denise quis tirar o corpo fora e despejar toda a responsabilidade na Infraero, acusando o órgão de ter liberado a pista do aeroporto com defeitos sem consultar a Anac.

O então presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, subiu o tom lembrando que os técnicos da Anac acompanharam toda a reforma, deram o aval e deu um recado para Denise:

“Não faça mais isso, senão eu abro sua caixa-preta e mostro quantos passageiros a TAM leva em cada avião: gente acomodada na cabine e até nos banheiros, sem que vocês façam nada”.

O suposto favorecimento à TAM e depois a tentativa de livrar-se da responsabilidade quando algo dá errado é similar ao episódio relatado ontem neste DCM, ocorrido quando Denise esteve à frente da Ilume e que causou a morte de um homem eletrocutado.

Entre o acidente da Gol e o da TAM, Denise Abreu foi fotografada fumando charuto numa festa na Bahia. À época, a imprensa já buscava massacrar a “incompetência” da gestão Lula e a foto caia como luva aos anseios de associar Denise ao PT, à Cuba (charuto), à uma crise que afetava unicamente os ricos, chamada de “caos aéreo”.

Desonestidade pura ou, se fosse hoje, poderíamos chamar pelo termo em voga: fake news.

Como citado acima, Denise já estava na política pelas mãos tucanas, é uma pessoa que se define como “genuína anticomunista” que “defende a retirada de toda a esquerda do poder”.

Tão logo perdeu o cargo de diretora da Anac, saiu atirando em Dilma Rousseff.

Denise fez acusações de que a Casa Civil (então sob Dilma), havia favorecido as vendas da Varig e VarigLog.

Era junho de 2008 e Denise Abreu declarou ter provas sobre o favorecimento de um fundo americano pela Casa Civil na negociação. Em entrevista a uma rádio, disse o seguinte:

“Nós estamos preparados para lidar com isso porque não haveria cabimento eu me manifestar se não tivesse absoluta convicção.”

Curioso como esse pessoal sempre confunde “provas” com “convicção”.

Em dezembro de 2009 a Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou o caso inocentando Dilma.

Já Denise Abreu é um nome que, sempre que revelado, causa turbulência e correria para abafar.

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