“Denúncia” de Damares sobre crianças circula na deep web como ficção há anos

Atualizado em 11 de outubro de 2022 às 20:58
Damares Alves
Foto: Reprodução

A história contada durante um culto religioso em Goiânia por Damares Alves (Republicanos-DF) envolvendo crianças da Ilha de Marajó, no Pará, circula em fóruns da internet como ficção desde 2010.

Quem levantou a bola foi a “ex-nerd” Fabiana Iglesias no Twitter. “Podem procurar por ‘Lolita Slave Toys’ se tiverem estômago. Quem escreve o roteiro dela, certamente, é um incel reprimido e com o teclado cheio de Cheetos bolinha, tipo Carluxo”, escreveu.

O site 4chan é uma cloaca que contém todo o lixo de extrema-direita imaginável. Ali saiu uma cascata assinada por “anônimo” em 2010.

O “conto” falava de um cirurgião que sequestrava crianças, arrancava seus dentes e alimentava-as com líquidos. O original é ambientado no Leste Europeu, e não na Ilha de Marajó, mas, ainda assim, vêem-se diversos pontos em comum.

Damares falava sobre os “dentinhos arrancados pra elas não morderem na hora do sexo oral”. Na ficção, o autor relatava: “Tiro os dentes da boca. Depois de tirar todos os seus dentes, implanto uma camada de silicone com uma camada superior macia em seus maxilares. Ela [a criança] ainda poderá chupar, mas não poderá mais morder”.

Os relatos do 4chan deram origem ao mito insano do QAnon, uma teoria da conspiração segundo a qual quase as instituições políticas americanas estariam dominadas por pedófilos satanistas, comandados por gente do Partido Democrata e por artistas, contra Donald Trump.

Segundo pesquisa do Public Religion Research Institute and the Interfaith Youth Core, até 15% dos republicanos acreditam em ideias do QAnon— o que torna a teoria da conspiração mais aceita do que algumas religiões.

Diante da gravidade dos fatos, o  Ministério Público Federal do Pará determinou que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informe todas as denúncias recebidas pela pasta nos últimos sete anos.

Em sendo reais os fatos, Damares pode ter sido omissa. Essa é avaliação da oposição, que pede ao MPF que investigue a conduta da ex-ministra nesse caso.

A única verdade dessa patacoada é que Damares Alves deveria estar presa.

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