Depoimento de Freire Gomes é ‘bomba’ e complica defesa de Bolsonaro, avaliam aliados

Atualizado em 15 de março de 2024 às 6:59
O ex-comandante do Exército Freire Gomes. Foto: reprodução

O depoimento de Freire Gomes, ex-comandante do Exército, à Polícia Federal (PF), surge como um divisor de águas no inquérito sobre o suposto golpe, sendo amplamente considerado pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro como o “relato mais grave” até o momento, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.

De acordo com fontes próximas ao ex-mandatário, o testemunho minucioso do general sobre suas interações em reuniões com Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, é equiparado em gravidade às revelações da delação do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid.

O ponto mais preocupante do depoimento é a confirmação de que Bolsonaro pessoalmente apresentou e discutiu uma minuta golpista em pelo menos duas ocasiões. Para os assessores jurídicos do ex-capitão, será um desafio explicar convincentemente que tais encontros tinham natureza democrática.

Atualmente, a estratégia de defesa se concentra em enfatizar que Bolsonaro não assinou nenhum documento. Contudo, tanto a PF quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) entendem que atentar contra o estado democrático já constitui crime.

Aos investigadores, Freire Gomes disse que “se recorda de ter participado de reuniões no Palácio do Alvorada, após o segundo turno das eleições, em que o então Presidente da República JAIR BOLSONARO apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO, ESTADO DE DEFESA e ESTADO DE SÍTIO em relação ao processo eleitoral”.

Depoimento de Freire Gomes coloca, pela primeira vez, a digital de Bolsonaro em documentos golpistas; veja sete pontos
Bolsonaro e Freire Gomes. Foto: reprodução

No segundo encontro com os comandantes das Forças Armadas, Bolsonaro teria apresentado uma versão do documento incluindo a “Decretação do Estado de Defesa” e a criação da “Comissão de Regularidade Eleitoral”, visando investigar a conformidade e legalidade do processo eleitoral.

Vale destacar que a situação também é grave para o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, pois pela primeira vez um depoimento revela que ele discutiu abertamente a minuta golpista com membros da alta cúpula militar.

Freire Gomes também implicou diretamente o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, ao afirmar que a minuta encontrada em sua residência tinha o mesmo conteúdo discutido no Palácio da Alvorada e no Ministério da Defesa, com Nogueira. Segundo o militar, Torres teria oferecido assessoria jurídica sobre a viabilidade de um eventual decreto golpista.

Por outro lado, a defesa do ex-ministro e ex-candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto, considerou o depoimento de Freire Gomes “positivo” para o general, já que este focou suas declarações nos ataques recebidos por Braga Netto, sem mencioná-lo nas reuniões golpistas.

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