Depoimento de Mauro Cid na CPI deve ser usado contra Bolsonaro

Atualizado em 11 de julho de 2023 às 0:05
Tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid, principal ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestará depoimento à CPI do 8 de janeiro nesta terça-feira (11). Assim, a base do governo Lula (PT) pretende explorar a proximidade entre Cid e Bolsonaro para trazer o ex-presidente ao centro das investigações sobre o ataque golpista que levou à invasão das sedes dos três Poderes no início do ano, segundo informações das jornalistas Marianna Holanda e Thaísa Oliveira, da Folha de S.Paulo.

Cid está preso desde maio pelas suspeitas em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro e do próprio ex-presidente. A ministra do Supremo Cármen Lúcia entendeu que ele deve ir à sessão, mas pode ficar calado para não produzir provas contra si.

Às vésperas do depoimento, governistas resgataram um vídeo do ex-presidente em que ele afirma que Cid “é um cara de confiança”. Ciente de que o militar pode isentar Bolsonaro de culpa, a base deve pedir à Polícia Federal a cópia dos depoimentos prestados por ele.

Já a oposição, segundo a jornalista, se prepara para defender o ajudante de ordens e atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes pela chamada “pescaria probatória”, quando uma diligência é autorizada sem fato justificado para colher possíveis provas e tentar “pescar” algum crime. Eles também tentarão esvaziar a tese de que ele atuou nas investidas golpistas de bolsonaristas e tentou formular o plano para um golpe de Estado, conforme as informações da dupla de jornalistas.

Ex-ajudante de ordens no mandato presidencial de Bolsonaro, Mauro Cid
Foto: Alan Santos/PR

Mesmo tendo sido convocado para falar sobre o conteúdo das mensagens trocadas após a vitória de Lula, sobretudo com o coronel do Exército Jean Lawand Júnior, que prestou depoimento no mês passado, Cid pode ser alvo de questionamentos que vão desde as joias trazidas da Arábia Saudita até as compras da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Entre integrantes das Forças Armadas e no Ministério da Defesa, há expectativa de que Cid não vá fardado. Apesar de ser tenente-coronel da ativa, a avaliação é de que ir com o traje oficial pode levar a caserna ainda mais para a crise do golpismo.

Apesar disso, não são poucos os colegas de carreira que prestam solidariedade a ele e se unem nas críticas aos métodos de Moraes. Um dos motivos para as lembranças é que seu pai, também general, Mauro Cid, é respeitado no meio militar. Segundo relatos, o oficial está contrariado por entender que o filho foi abandonado pelo ex-presidente.

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