Deputado bolsonarista gasta R$ 200 mil de verba da Câmara para abastecer em posto de sócio

Atualizado em 12 de junho de 2023 às 17:35
Deputado federal Chiquinho Brazão. Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados

O deputado bolsonarista Chiquinho Brazão (União-RJ) abastece o carro em apenas um posto de gasolina, que fica a 8 quilômetros do seu escritório político no Rio de Janeiro. No caminho até lá, o parlamentar passa por outros sete postos, no entanto, sempre vai no mesmo local. Ele já desembolsou R$ 200 mil de verba da Câmara somente no posto em questão, o qual pertence a um sócio seu. As informações são do Estadão.

Notas fiscais apresentadas na prestação de contas apontam que o posto fica a 20 quilômetros de distância de onde ele mora, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

O Posto Leiroz está localizado no Jardim Sulacap, também no Rio de Janeiro. O estabelecimento é de propriedade de Albano Gonçalves Marinho e Albano Lemos da Silva. Os dois são sócios do parlamentar em um outro posto de combustíveis, o Auto Posto 500, em Tingui, em Campo Grande.

Com os R$ 200 mil, o deputado comprou entre 2019 e 2023 no mínimo 20 mil litros de gasolina, 14 mil metros cúbicos de gás natural, 5,7 mil litros de etanol, 1,5 mil litros de diesel e 273 litros de biodiesel.

O valor pago por litro de combustível não justificaria o longo percurso para abastecer. Com bandeira branca (denominação dada a estabelecimentos que não têm parceria com grandes distribuidoras) cada litro de gasolina comum é vendido a R$5,19 no posto Leiroz. O etanol sai a R$4,29. O valor é mais alto do que o encontrado em um posto sem bandeira a menos de 250 metros.

No primeiro ano de mandato, Brazão ainda apresentava à Câmara notas de outros postos. A partir de dezembro de 2019, porém, passou a apresentar somente os comprovantes do estabelecimento do sócio.

Posto Leiroz de sócio do deputado Chiquinho Brazão, no Rio de Janeiro. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

O fato de o deputado usar o posto do sócio e as notas serem entregues à Câmara para ressarcimento é criticado por especialistas em transparência.

Ao Estadão, a diretora de programas do Transparência Brasil, Marina Atoji, afirmou que o caso “viola o princípio da impessoalidade na administração pública”.

De acordo com ela, há indício de mau uso do recurso público e o caso precisa ser investigado pela Câmara e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

“Esse gasto, na prática, é ilegal. Ele está beneficiando alguém próprio com dinheiro público, não tem justificativa. Será que esse é o único posto em que o preço é bom? Não faz muito sentido isso”, disse.

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