Jair Bolsonaro, que lida com constrangimentos todos os dias neste segundo turno, terá de driblar mais um a partir desta sexta, 7. É que chega a São Paulo, para encontrar-se com o ex-presidente Lula, o deputado federal italiano Ângelo Bonelli.
O político, que vai estar ao lado de Lula num comício em Guarulhos, às 9h, e depois acompanha o petista em encontro com lideranças na quadra dos Bancários, no bairro de Liberdade, em São Paulo, à noite, lidera o movimento que pede, na Justiça italiana, a cassação do título de cidadão honorário de Anguillara Veneta, concedido no final do ano passado ao mandatário brasileiro.
Encarar o debate sobre o fascismo e os perigos do avanço da extrema direita, usando a indecorosa honraria oferecida a Bolsonaro pela prefeita Alessandra Buoso, filiada à Liga, partido de Matteo Salvini, líder da extrema-direita italiana, fez bem a Bonelli e ao Partido Verde italiano, que ele preside.
O dirigente lidera o grupo de 16 parlamentares eleitos pela frente de esquerda ecológica após 16 anos sem nenhuma representação no Congresso italiano.
Além de Lula, Bonelli vai reunir-se com Marina Silva, eleita deputada federal por São Paulo no pleito do último domingo, 2.
Sobre a cassação do titulo de cidadão honorário a Bolsonaro, Bonelli conta que a situação ainda está indefinida, mas caminhando.
Curiosamente, Anguillara Veneta, uma cidade de apenas 4,5 mil habitantes situada na região nordeste da Itália, e que é o berço da família do mandatário brasileiro, ostenta o título de “cidade da paz e dos direitos humanos”.
“A honraria é destinada a personalidades que se dedicaram a promover e fizeram algo positivo pela cidade”, diz o líder do PV italiano. “Não é o caso de Bolsonaro, alguém acusado no Brasil de causar a morte de 600 mil pessoas na pandemia, muitos deles índios, e que é acusado de cometer crimes contra a humanidade”.
Bonelli contou ao DCM que vem ao Brasil manifestar o apoio do Partido Verde e das forças de esquerda italiana ao ex-presidente. O digirente vai aproveitar a viagem para encontrar-se também com lideranças ecológicas da região amazônica e com o presidente do Instituto Lula, Márcio Pochmann.
Atualmente, o deputado vive sob escolta por ter sido ameaçado por forças de direita que integram a máfia italiana. Bonelli foi prefeito da cidade de Ostia, próxima de Roma, integrou o Parlamento Europeu e agora se prepara para assumir a câmara dos deputado da Itália a partir de 2023.