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Desperdício de comida custa ao mundo 750 bilhões de dólares por ano

 

Um relatório divulgado nesta quarta-feira (11/09) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou que por ano há um desperdício de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos no mundo, o que gera custos de 750 bilhões de dólares. A comida jogada fora tem impacto não só na economia, segundo o estudo, mas contribui também para aumentar as emissões de gases estufa e diminuir as reservas de água potável e a biodiversidade no planeta.

“Nós não podemos permitir que um terço de toda a produção de alimentos seja jogada fora ou perdida por causa de práticas inapropriadas, quando 870 milhões de pessoas passam fome todos os dia”, afirmou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.

Em 2007, quase 1,4 bilhão de hectares produziram alimentos que não foram consumidos, o que corresponde a 28% da área total utilizada para a agricultura no planeta. Se essa região fosse um país, seria o segundo maior do mundo.

Além de ser um problema social, o desperdício afeta também o meio ambiente. O volume de água utilizado para produzir os alimentos não consumidos é três vezes maior do que o fluxo anual do rio mais longo da Europa, o Volga. A sua produção acrescenta 3,3 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa na atmosfera.

Principais causas

Segundo o relatório, a agricultura é um dos maiores perigos para a biodiversidade, devido à ampliação da área cultivada e sua intensificação. A maior parte dos impactos da produção de alimentos na biodiversidade acontece em regiões mais pobres, como a África Subsaariana e a América Latina.

Cerca de 54% dos alimentos que vão parar no lixo são perdidos ainda durante o processo de produção, no manuseio e armazenamento após a colheita. Os outros 46% são desperdiçados nas etapas de distribuição e consumo.

“Geralmente, a perda de alimentos nos países em desenvolvimento ocorre durante a produção agrícola. Enquanto o desperdício na fase de comercialização e consumo tende a ser maior em países de renda média e alta”, diz o relatório.

Segundo a organização, esse problema tem várias causas. Uma delas é o comportamento dos consumidores, que não planejam as suas compras ou acabam jogando fora produtos ainda bons, mas que passaram da data de validade. Outra é a rejeição de grande quantidade de alimentos pelas redes varejistas, devido a padrões de qualidade e estéticos.

Além disso, limitações financeiras e técnicas na infraestrutura do armazenado e transporte da colheita é o fator fundamental para a deterioração de alimentos nos países em desenvolvimento.

A FAO afirma que a redução do desperdício diminuiria a necessidade de aumentar até 2050 a produção em 60% – estimada com base no cultivo dos anos de 2005 e 2007 – para atender a demanda global.

Medidas simples

Além do relatório, a FAO publicou também um guia para o combate ao desperdício. Segundo a organização, a ação principal é desenvolver melhores técnicas para armazenamento e transporte. Para consumidores e o varejo, uma medida importante é identificar o problema, descobrindo onde ele ocorre e sua causa.

Também é recomendada a revisão dos padrões estéticos para a venda de frutas e verduras e da legislação sobre a data de validade. A FAO orienta consumidores a planejarem suas compras, levando em consideração o consumo e aproveitando todas as partes dos alimentos, como folhas de algumas verduras que costumam ser jogadas fora.

O Programa Cozinha Brasil do Serviço Social da Indústria (Sesi) é citado no guia como um bom exemplo no combate ao desperdício. Nele é ensinada a preparação de refeições nutritivas com o aproveitamento total dos alimentos.

Outro ponto para evitar que alimentos não consumidos vão parar em aterros sanitários é a reciclagem. Eles podem ser transformados em adubo e produzir biogás.

Este texto foi originalmente publicado no site DW

Diario do Centro do Mundo

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