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Diferentemente de jornais brasileiros, imprensa internacional repercute atos contra Bolsonaro

Publicado originalmente no Brasil de Fato

Por Cristiane Sampaio

Protesto contra Bolsonaro em Brasília (DF), onde manifestantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios para pedir impeachment e vacina para todos – Renato Cortez

As manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas do Brasil no sábado (30) tiveram ressonância em diferentes veículos internacionais. Os atos foram registrados em mais de 200 cidades e percorreram 14 outros países com gritos de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pela vacinação massiva da população brasileira.

O site britânico The Guardian, por exemplo, deu manchete para o tema com a seguinte frase: “Dezenas de milhares de brasileiros marcham para exigir o impeachment de Bolsonaro”. Ao longo da matéria, o portal classificou como “desastrosa” a forma como o presidente da República tem conduzido a pandemia, que já matou mais de 460 mil pessoas.

Ao mostrar foto de matéria do The Guardian, o ator e comediante brasileiro Gregório Duvivier comparou a abordagem adotada pelo veículo britânico com a de um veículo nacional de nome não identificado na postagem. A manchete deste último destacava que o ato em São Paulo havia bloqueado a Avenida Paulista e não mencionava a bandeira dos manifestantes pelo impeachment e pela vacinação contra a covid para todos.

LEIA MAIS – Eliane Brum: “Capas do Globo e do Estadão são mais do que uma vergonha histórica”

A mensagem de Duvivier no Twitter faz menção as críticas que surgiram neste domingo (30) a veículos brasileiros que não colocaram os protestos em suas manchetes do dia. Foi o caso dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, por exemplo.

Nas capas d’O Estado de S. Paulo e do carioca O Globo, manifestações do sábado (29), registradas em 200 cidades, tiveram menos destaque que temas sobre turismo e PIB / Reprodução

A agência de notícias britânica Reuters, considerada a maior do mundo, ressaltou no título de uma matéria que “Brasileiros protestam em todo o país contra a resposta do presidente Bolsonaro à covid”. O veículo escreveu que as manifestações, em sua maioria, ocorreram de forma pacífica, mas registrou a atuação policial em Recife (PE), onde os agentes lançaram gás lacrimogênio e balas de borracha contra os militantes.

O periódico francês Le Monde publicou matéria com o título “’Mais perigoso que o vírus’: no Brasil, novas manifestações contra o presidente Bolsonaro”, citando uma das frases mais ouvidas nas ruas no sábado.

O site também mencionou a escolha dos cariocas pela concentração do ato em frente ao prédio conhecido como “Balança, mas não cai” e ironizou o tema, em referência ao impeachment de Bolsonaro, ao afirmar que “o ponto de encontro não parece ter sido escolhido aleatoriamente”.

LEIA TAMBÉM – Compare capa do Estadão apoiando o golpe de 2016 e a dos protestos contra Bolsonaro

Em matéria sobre os atos, o espanhol El País, jornal mais tradicional do país ibérico, publicou reportagem titulada como “Esquerda do Brasil sai às ruas contra Bolsonaro pela primeira vez”. O portal afirmou que os protestos contra o presidente foram ouvidos “em alto e bom som”.

Já o argentino La Nación publicou que os manifestantes emitiram palavras de ordem como “Fora, Bolsonaro”, “Bolsonaro genocida”, “Vacina já” e “Fora, Bolsovírus”. Também destacou que o presidente brasileiro se opõe à política de isolamento, promove o uso de fármacos sem eficiência comprovada contra a covid e lembrou que Bolsonaro chamou a covid-19 de “gripezinha” logo no início da pandemia.

Houve repercussão também em outros pontos do globo. O jornal peruano El Comercio publicou matéria destacando que “Milhares se levantam no Brasil contra Jair Bolsonaro”. A rede Al Jazeera, com sede no Oriente Médio, reportou que “Dezenas de milhares protestam contra os movimentos de Bolsonaro no combate à covid”.

Enquanto isso, o veículo estadunidense New York Post ressaltou que “o líder de extrema direita se recusou a impor toques de recolher e lockdowns generalizados no país”. Na Índia e na Rússia, países que estão entre os parceiros do Brasil no bloco econômico Brics, também houve repercussão jornalística.

A agência estatal russa Kremlim RT publicou vídeos mostrando os protestos e disse que “dezenas de milhares de pessoas marcham contra a resposta do presidente Bolsonaro à Covid no Brasil”, enquanto o veículo indiano Times of India realçou que os manifestantes cariocas repetiam palavras de ordem como “Bolsonaro genocida” e “Vá embora, Bolsovírus”.

Edição: Vivian Virissimo

Diario do Centro do Mundo

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