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“Dinheiro nenhum paga o que eu sofri”: jornalista perseguido por Zambelli comenta denúncia da PGR

A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL) persegue homem negro em SP
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Na noite de ontem (25), a Procuradoria Geral da República entrou com uma denúncia contra a deputada que sacou uma arma contra mim no meio de uma rua dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, na tarde da véspera do segundo turno das eleições presidenciais, no dia 29 de outubro de 2022.

E, sinceramente, cada novidade jurídica sobre esse caso me causa uma angústia muito grande.
Desde aquele dia, a minha vida se tornou um verdadeiro inferno. O constrangimento que eu passei naquele momento, cercado pela parlamentar e seus “amigos” que me cercaram em uma lanchonete de esquina após a perseguição me atormenta até hoje.

E as perguntas diárias de cada pessoa que eu conheço sobre o caso me deixam com uma sensação ruim. A de que todos te apontam, todos te olham diferente. A de ser conhecido sem querer ser conhecido.

A partir daquele momento, minha vida andou em outra rotação e, decididamente, não foi boa. Tive que fechar minhas redes sociais por um tempo. Vi e revi passando na TV e nas redes sociais as cenas daquela senhora apontando uma arma para mim como se fosse um meliante. Perdi amigos, perdi até mais do que isso. E também perdi a pouca calma que ainda tinha para viver.

Eu só quero que todo esse processo acabe logo. O dinheiro que pode vir em uma eventual indenização não paga o sofrimento que passei e passo desde aquele dia. Para ela, envolvida até os ossos nos porões da extrema-direita, em postagens de apoio à manifestações golpistas e outras coisas, pode ser mais um caso.

Mais um caso de um “negro” como ela me apontou. Mas para mim, foi um capítulo que vai demorar a cicatrizar, se um dia vai. Mas eu só quero que de alguma forma, que pode ser até pequena, a justiça seja feita.

A gente precisa ter exemplos de que todo mal que essa gente nos causou (e ainda causa) pode, sim, ter punições e complicações para eles. Não dá mais para ver eles podendo fazer tudo e nos intimidando de todas as formas e alguma punição não ser efetivada.

Eu falo que, como jornalista, meu sonho sempre foi contar boas histórias. Nunca achei que teria que contar uma minha num contexto tão dramático. Mas eu quero que ao menos essa minha história tenha um desfecho diferente do normal.

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Luan Araújo

Jornalista formado em 2012, morador da periferia da Zona Leste de São Paulo, sambista e corintiano.

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