Diretor deixa ONU criticando o genocídio na Palestina e a força do lobby de Israel

Atualizado em 31 de outubro de 2023 às 20:41
Craig Mokhiber, diretor do escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU em Nova York. Foto: Evan Schneider/ONU

O diretor do escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, Craig Mokhiber, deixou o cargo devido ao “genocídio” na Faixa de Gaza.

Em carta de demissão, Mokhiber disse que a ONU fracassou perante a comunidade internacional. “Mais uma vez, estamos vendo um genocídio se desenrolar diante de nossos olhos, e a organização a que servimos parece impotente para impedi-lo”, escreveu.

“Como alguém que investiga os direitos humanos na Palestina desde a década de 1980, viveu em Gaza como conselheiro de direitos humanos da ONU na década de 1990 e realizou várias missões de direitos humanos para o país [Estados Unidos] antes e depois, isso é profundamente pessoal para mim”, acrescentou.

Mokhiber criticou a organização por ter se rendido ao lobby de Israel e ao poder dos Estados Unidos.

“Nas últimas décadas, partes importantes da ONU se renderam ao poder dos EUA e ao medo do lobby de Israel, abandonando esses princípios e se afastando do próprio direito internacional”, disse. “Perdemos muito com esse abandono, inclusive nossa própria credibilidade global”, completou.

A carta foi enviada no último sábado (28) ao chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Turk, em Genebra.

Carta de Craig Mokhiber enviada ao chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Turk, em Genebra. Foto: Reprodução

“O mundo está assistindo. Todos nós seremos responsáveis por nossa posição nesse momento crucial da história”, declarou.

O diretor ainda acusou os “governos dos Estados Unidos, do Reino Unido e de grande parte da Europa” de darem cobertura política e diplomática às “atrocidades” cometidas por Israel. Segundo Mokhiber, esses governos “são totalmente cúmplices desse terrível ataque”.

Mokhiber também denunciou a imprensa ocidental que estaria “desumanizando continuamente os palestinos para facilitar o genocídio e transmitindo propaganda de guerra e defesa do ódio nacional, racial ou religioso que constitui incitação à discriminação, hostilidade e violência”.

“O genocídio que estamos testemunhando na Palestina é o produto de décadas de impunidade israelense sustentada pelos EUA e por outros governos ocidentais e de décadas de desumanização do povo palestino pelos meios de comunicação corporativistas ocidentais. Ambos devem acabar agora. Defenda os direitos humanos”, escreveu Mokhiber.

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