“Ele vai até a Sibéria quebrar umas pedrinhas e depois volta”.
No entendimento de tucanos próximos a João Doria, a nomeação de Gilberto Kassab para a secretária da Casa Civil do novo governo de São Paulo ainda não é a pá de cal que se pode imaginar sobre Geraldo Alckmin.
É, digamos, uma espécie de purgatório, para quem, note como a política pode ser ingrata, passou de traído a traidor em menos de dois anos.
Geraldo “inventou” Doria em novembro de 2015.
Imaginando estar preparando o terreno para a sua candidatura a presidente, o então governador de São Paulo desenhou dois desafios: fazer o novo prefeito e contar com o apoio político e da máquina administrativa da maior cidade do país e isolar José Serra, seu adversário dentro do próprio partido.
Você talvez ache exagerado da minha parte, mas fui um dos primeiros a tomar conhecimento sobre o “plano gestor”. Era Natal de 2015 quando meu celular tocou.
Meu interlocutor não queria desejar boas festas, mas contar sobre a aventura que estava despontando.
“O Geraldo está sabendo?”, eu logo quis saber.
O desfecho da história é conhecido.
Geraldo tratorou Serra, FHC e cia, desidratou a pré-candidatura de Andrea Matarazzo e surfou na onda do surpreendente desempenho do pupilo – Doria ganhou no primeiro turno e alavancou diversas outras candidaturas país afora: o PSDB venceu em 14 das 19 cidades onde disputou o segundo turno.
A partir daquela eleição, 26 dos 92 maiores municípios brasileiros passaram a ser administrados pelo partido. Nada menos que 19,9 milhões de eleitores nas principais metrópoles brasileiras.
Geraldo, o então grande vitorioso, podia esperar tudo, menos a ganância desmedida do pupilo.
No dia primeiro de janeiro de 2017, uma hora após ser empossado prefeito, Doria lançou-se à corrida presidencial, sem considerar o acordo que firmara meses antes.
Fez o diabo, mas não alcançou seu objetivo. E, para piorar, ainda viu Geraldo fazer corpo mole quando tentou emplacar sua candidatura ao governo do Estado como plano B.
É nesse ponto que o caldo desandou para o ex-governador. Sem emplacar como candidato a presidente, apostou em Márcio França no primeiro e sobretudo no segundo turno contra o próprio partido.
Errou duas vezes e acabou revertendo a definição que colocamos no início do texto, passando de traído a traidor.
E agora vê um de seus principais inimigos, Gilberto Kassab, para quem perdeu a prefeitura de São Paulo, em 2008, alçar a posição de todo poderoso da articulação política do novo governo.
No círculo íntimo de Doria o que se fala sobre Geraldo é que vai amargar um tempinho no ostracismo até que se resolvam as pendências da Executiva nacional e até que a bile do gestor se estabilize.
Uma das características mais apontadas do governador eleito é pensar e agir com o figado.
Não aceitou ser preterido da disputa pela presidência, inclusive porque alega que ficou provado que o discurso que defendia – contra o PT e contra a ameaça comunista – era o que estava correto, e ainda atribui a Geraldo a dor de barriga que passou no segundo turno.
Com Kassab no comando da Casa Civil, distribuindo benesses e controlando a direita atrasada que chegou à Assembléia, com PMs, Coronéis, Janaínas e etc, Doria estará livre para fazer o que gosta: política.
Para alguém como ele, que pensa e age com o fígado, não vai sobrar tempo para lamber ferida de derrotado. A temporada na Sibéria não vai terminar tão cedo.
Durante sua apresentação na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite deste sábado…
Eduardo Leite é, na história da política gaúcha, uma das figuras públicas mais deslocadas do…
O saldo de vítimas fatais das intensas chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul…
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e os ministros Paulo Pimenta (Secretaria…
Em abril deste ano, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), sancionou…
“Este é o episódio mais trágico da história de Canoas. Uma situação além da nossa…