Dr Johnson

Atualizado em 17 de abril de 2011 às 14:49
Samuel Johnson

Há três divindades literárias na Inglaterra. Duas delas são familiares aos brasileiros, Shakespeare e Dickens.

A terceira, não.

É Samuel Johnson, um escritor do século XIX. Tão  prestigiado é ele que o chamam de Dr. Johnson.

Sua obra principal é um dicionário, e todos os seus contemporâneos são unânimes em afirmar que não havia conversador como ele. Mas o que o consagrou mesmo foi a biografia de um discípulo, Boswell. Como Platão com Sócrates, Boswell conviveu anos com Johnson. E usou essa intimidade para escrever uma biografia considerada antológica.

Também como Platão nas coisas que escreveu sobre Sócrates, não se sabe direito o que é Johnson mesmo na biografia ou o que é Boswell.

Há uma frase dele que me toca, por razões óbvias. “Quando alguém está cansado de Londres, é porque está cansado da vida”. Não poderia concordar mais. Londres estará sempre em mim mesmo quando, mais adiante, um oceano nos separar.

Gosto de uma história de Johnson, particularmente.

Ele procurou a ajuda de um aristocrata literato para o projeto do dicionário. Não conseguiu. Depois foi procurado pelo aristocrata. Que recebeu a seguinte resposta: “Bati em sua porta e não obtive resposta. Agora que terminei o dicionário, não preciso mais de ajuda. Você agiu como aquela pessoa que vê alguém se afogando e, depois que o perigo passou, pergunta: ‘Você precisa de ajuda?’”