Eduardo Bolsonaro chutou a barraca e acabou com o que restava do golpe. Por Moisés Mendes

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 15:39
Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) ao lado da esposa, Heloísa, na Copa do Mundo no Catar. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no Blog do Autor

Se um cabo e um soldado num jipe tomassem o poder hoje, invadindo o Supremo e anunciando que Alexandre de Moraes finalmente havia sido preso, Eduardo Bolsonaro não estaria no Brasil para avalizar o golpe.

Eduardo está em Doha, no Catar, vendo a Copa com a mulher dele. E a ideia de que um cabo e um soldado tomariam o STF sem muito esforço é dele.

Essa ideia está consagrada como um dos maiores deboches do bolsonarismo com as instituições, e não só com a mais alta Corte do país.

A presença de Eduardo no Catar é um gesto meio infantil que desmoraliza o esforço dos patriotas de dar ar de seriedade aos acampamentos na frente dos quartéis.

Eduardo desvaloriza o manifesto em que um grupo de 46 generais de pijama defende a intervenção do Exército para manter a ordem.

Os generais ainda levam a sério o golpe que Dudu trata com desprezo ao viajar para o Catar.

Para efeito de comparação, a presença de Eduardo na Copa é tão esdrúxula quanto seria a aparição num estádio de uma grande liderança da equipe de transição de Lula.

No momento em que Lula tenta viabilizar o começo do novo governo, seria inimaginável ver qualquer membro da linha de frente da transição fazendo selfie num estádio ao lado da mulher, como um turista qualquer.

Até agora, a impressão generalizada era de que Eduardo representava, como membro mais ativo da família nessa área, a certeza de que o golpe deveria ser levado adiante.

Os patriotas só continuam acampados porque Bolsonaro pai ainda aposta que algo vai acontecer. E Eduardo, mesmo que não apareça, para se preservar, é um dos inspiradores dos transes diante dos quartéis.

Mas aí o filho faz foto no meio da torcida brasileira no estádio, como se a extrema direita tivesse desistido do golpe ou abandonado seus soldados.

Não é algo banal. É mais do que ostentação. É muito sério. O filho mais ideológico de Bolsonaro transmitiu aos apoiadores do golpe, incluindo os militares, uma mensagem de desistência.

Podem dizer que Dudu, por ter mandato, não pode ser exposto como líder da tentativa de golpe.

Ninguém pretende cobrar que um deputado se exponha como golpista nos acampamentos. Mas ele não poderia ter aparecido na Copa, enquanto os seguidores do pai mantêm fidelidade à ideia de que é possível criar uma confusão e evitar a posse de Lula.

Eduardo chutou o pau da barracada e a barraca junto e desmontou moralmente os acampamentos dos manés. O que restava da tentativa de golpe não existe mais desde a foto no estádio.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link