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O patético fim da carreira de Eduardo Cunha, o usufrutuário. Por Paulo Nogueira

Quis tudo, vai terminar sem nada

Tinha mesmo que terminar em comédia a trágica tentativa de Eduardo Cunha de virar presidente da República.

A posteridade haverá de rir, tanto mais porque terá sido poupada da angústia de ver Cunha controlar a Câmara dos Deputados com seus métodos sujos.

É de Cunha a palavra do ano: usufrutuário. Bem a seu estilo tosco, ele errou ao pronunciá-la. Disse “usufrutário”.

Ele afirmou não ser dono do dinheiro das contas suíças, mas usufrutuário em vida.

Nas redes sociais, a palavra prontamente viralizou. Tornou-se sinônimo de ladrão.

A carne moída com a qual Cunha diz ter ganhado na mocidade o dinheiro das contas também se tornou um clássico imediato das piadas.

Zé Simão afirmou, com razão, que era mais fácil Cunha ter alegado que o dinheiro foi presente do Papai Noel.

Um colunista da Folha disse que a carne moída de Cunha serviu, exportada, para combater a fome na África.

Também entra na lista das piadas a declaração pateticamente tardia de Aécio contra Cunha.

Quer dizer: só agora Aécio descobriu que as provas são escandalosas, e que Cunha contamina e desmoraliza o Congresso.

É apenas uma coincidência que Aécio abandone Cunha quando morreram as esperanças de impeachment depositadas em Cunha.

Com a carne moída e com a condição de usufrutuário de Cunha falece a ilusão do impeachment para golpistas como Aécio.

Mais de um ano depois de perder mesmo com o apoio desvairado da imprensa, da Lava Jato e da Polícia Federal com seus vazamentos sórdidos, Aécio deve agora sossegar e fazer o que não fez este tempo todo: trabalhar. Honrar o dinheiro que o contribuinte lhe dá como senador.

Quanto a Cunha, em meio a gargalhadas gerais da nação, ele sai da história para entrar na comédia e desta, rapidamente, para a tornozeleira.

Ele é exatamente o modelo de político rechaçado, numa declaração famosa, por Mujica.

Mujica disse que política é para quem não está atrás de dinheiro. Quem quer dinheiro, completou, deve montar seu negócio e virar empresário.

Cunha entrou na política para ficar rico.

Se fosse menos ambicioso, e mais esperto, teria verdadeiramente se dedicado ao comércio de carne moída.

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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