Enem está sob risco e Congresso precisa convocar ministro da Educação. Por Aloizio Mercadante

Atualizado em 8 de novembro de 2021 às 16:03
Aplicativo do Enem no celular
Exame Nacional do Ensino Médio.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por Aloizio Mercadante

A completa falta de gestão e de políticas públicas, que tomou conta da educação brasileira no governo Bolsonaro, desta vez, ameaça a realização do próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Faltando 13 dias para o início das provas, os milhões de participantes foram surpreendidos com a informação de que 29 servidores e coordenadores do Inep, órgão responsável pela organização do Enem, fizeram um pedido de exoneração e dispensa coletivo.

A entrega coletiva dos cargos ocorre em razão da “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep” e acontece dias após dois coordenadores-gerais também terem pedido para serem desligados do órgão. No total, são 31 servidores fora de suas funções a pedido. O atual presidente do Inep já é o quarto do governo Bolsonaro e tem uma gestão marcada por acusações de assédio, desmontes e falta de rigor técnico na tomada de decisões.

Nos governos do PT, o Enem foi transformado no grande caminho de oportunidades de acesso à educação superior brasileira, sendo o critério republicano para programas como o Sisu, o Fies, as cotas e o ProUni.  Para dar segurança ao exame, realizamos aprimoramentos de gestão e elaboramos um processo que envolvia, desde a elaboração até a realização e correção, mais 11 módulos de segurança e mais de 3,6 mil pontos de controle, além de parceria com a Polícia Federal para a prevenção de tentativas de fraude.

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É evidente que os servidores de carreira do Inep foram fundamentais nesse processo. Foi o esforço de um corpo técnico competente e responsável que fez o Enem se consolidar como o 2º maior exame de acesso universitário do mundo, atrás apenas do exame chinês. Não é demais lembrar que o Enem já vinha passando por um grande esvaziamento sob o governo Bolsonaro, com um ministro que considera que a universidade deve ser para poucos.

A sociedade precisa reagir a esse desgoverno e preservar o Enem como uma conquista social da educação brasileira. Para isso, é imperativo que o Congresso Nacional convoque o ministro da Educação para dar explicações públicas sobre os desmandos em curso no Inep e para que ele apresente as providências para assegurar o bom êxito da prova. Afinal, Bolsonaro sempre se posicionou publicamente na direção de intervir no Enem. Ao que parece, essa tutela autoritária e obscurantista está sobre o Enem e terá como vítima principal o caminho de oportunidades que construímos.

Inep tem demissão coletiva às vésperas do Enem

Um grupo com dezenove coordenadores do Inep, que trabalham em áreas ligadas ao Enem, pediram exoneração de seus cargos nesta segunda-feira (08), às vésperas do exame. A prova será realizada nos dias 21 e 28 de novembro.

Inicialmente, haviam sido divulgados 29 nomes. No entanto, outros seis pediram exoneração em seguida. Em setembro, o então diretor de tecnologia responsável pela versão digital do exame também já havia pedido para sair. Na mesma semana, dois coordenadores ligados à realização do exame também pediram exoneração.

Em nota, a Associação dos Servidores do Inep lamentou “profundamente” a situação de o instituto ter “chegado a esse ponto”. Afirmou ainda que os demais servidores que continuam no Inep vão seguir trabalhando para que as demandas do órgão sejam cumpridas, mas cobrou uma “atuação urgente” do MEC e do governopara resolver a questão.

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