A completa falta de gestão e de políticas públicas, que tomou conta da educação brasileira no governo Bolsonaro, desta vez, ameaça a realização do próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Faltando 13 dias para o início das provas, os milhões de participantes foram surpreendidos com a informação de que 29 servidores e coordenadores do Inep, órgão responsável pela organização do Enem, fizeram um pedido de exoneração e dispensa coletivo.
A entrega coletiva dos cargos ocorre em razão da “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep” e acontece dias após dois coordenadores-gerais também terem pedido para serem desligados do órgão. No total, são 31 servidores fora de suas funções a pedido. O atual presidente do Inep já é o quarto do governo Bolsonaro e tem uma gestão marcada por acusações de assédio, desmontes e falta de rigor técnico na tomada de decisões.
Nos governos do PT, o Enem foi transformado no grande caminho de oportunidades de acesso à educação superior brasileira, sendo o critério republicano para programas como o Sisu, o Fies, as cotas e o ProUni. Para dar segurança ao exame, realizamos aprimoramentos de gestão e elaboramos um processo que envolvia, desde a elaboração até a realização e correção, mais 11 módulos de segurança e mais de 3,6 mil pontos de controle, além de parceria com a Polícia Federal para a prevenção de tentativas de fraude.
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É evidente que os servidores de carreira do Inep foram fundamentais nesse processo. Foi o esforço de um corpo técnico competente e responsável que fez o Enem se consolidar como o 2º maior exame de acesso universitário do mundo, atrás apenas do exame chinês. Não é demais lembrar que o Enem já vinha passando por um grande esvaziamento sob o governo Bolsonaro, com um ministro que considera que a universidade deve ser para poucos.
A sociedade precisa reagir a esse desgoverno e preservar o Enem como uma conquista social da educação brasileira. Para isso, é imperativo que o Congresso Nacional convoque o ministro da Educação para dar explicações públicas sobre os desmandos em curso no Inep e para que ele apresente as providências para assegurar o bom êxito da prova. Afinal, Bolsonaro sempre se posicionou publicamente na direção de intervir no Enem. Ao que parece, essa tutela autoritária e obscurantista está sobre o Enem e terá como vítima principal o caminho de oportunidades que construímos.
Um grupo com dezenove coordenadores do Inep, que trabalham em áreas ligadas ao Enem, pediram exoneração de seus cargos nesta segunda-feira (08), às vésperas do exame. A prova será realizada nos dias 21 e 28 de novembro.
Inicialmente, haviam sido divulgados 29 nomes. No entanto, outros seis pediram exoneração em seguida. Em setembro, o então diretor de tecnologia responsável pela versão digital do exame também já havia pedido para sair. Na mesma semana, dois coordenadores ligados à realização do exame também pediram exoneração.
Em nota, a Associação dos Servidores do Inep lamentou “profundamente” a situação de o instituto ter “chegado a esse ponto”. Afirmou ainda que os demais servidores que continuam no Inep vão seguir trabalhando para que as demandas do órgão sejam cumpridas, mas cobrou uma “atuação urgente” do MEC e do governopara resolver a questão.
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