Enquanto oposição implode nas CPIs, Lula atinge 60% de aprovação em pesquisa. Por Miguel do Rosário

Atualizado em 16 de agosto de 2023 às 9:02
Presidente Lula. (Foto: Reprodução)

Naturalmente sempre haverá quem defenda a resiliência da extrema-direita e do bolsonarismo, mas seria um caso agudo de cegueira não enxergar que as duas CPIs tocadas pela oposição, a do MST e a do 8 de Janeiro, tem sido um desastre para ela. Quer dizer, possivelmente haja um dia ou outro melhor, mas essa última terça-feira foi uma hecatombe.

O espetáculo que vimos ontem, com bolsonaristas raivosos, como o infame deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, o neo-olavete Marco Feliciano,  o pequeno cínico Nicolas Ferreira,  velho cínico Eduardo Girão, entre outros, atacando um foto-jornalista profissional da Reuters, com 25 anos de experiência (apesar de jovem), jeito humilde e sincero, foi um marco na história dos suicídios políticos.

Os jornalistas que cobriam a CPI nem conseguiram ficar quietos, tamanha a indignação que sentiam ao ver um colega ser agredido furiosamente, com mentiras sórdidas, despudoradas e absurdas.

A tese dos bolsonaristas é que o fotógrago Adriano Machado era um “infiltrado” petista, a mando de Lula (ou do Dino, tanto faz), e que teria “combinado” tirar a foto do bolsonarista chutando uma porta próxima à sala do presidente da república, no dia 8 de janeiro.

Ele explicou mil vezes que não combinou coisa nenhuma, que estava posicionado de forma discreta, silenciosa, ali atrás, apenas tirando fotos. Disse também que bolsonaristas, ao perceberam sua presença, exigiram-no, em tom de ameaça, que apagasse as fotos. Ele o fez. Em seguida, um dos bolsonaristas aperta sua mão. Os bolsonaristas da CPMI, cínicos, amarrados às fakenews que eles mesmos ajudaram a espalhar, fingiram não acreditar em nenhuma das explicações do jornalista.

“Ah, me desculpe, mas o clima era de fraternidade com você”, é a versão maluca dos bolsonaristas, apesar dos relatos de que inúmeros jornalistas, inclusive da Reuters, teriam sido agredidos no 8 de janeiro. E por que cargas d’água, Machado precisaria “combinar” um chute na porta, se havia centenas, milhares, de outras imagens de bolsonaristas quebrando tudo, no Palácio, no Congresso e no STF. Qual a tese dos bolsonaristas? De que a cena teria sido montada? E as milhares de outras cenas? Foram combinadas também?

O dia de ontem mostrou os bolsonaristas da CPMI do 8 de janeiro completamente desorientados.

Na CPI do MST, idem. A liderança nacional do MST, João Pedro Stédile, deu uma aula magna para os deputados e para o país. O relator da CPI, Ricardo Salles, desesperado com o desempenho absolutamente brilhante, magnético, do depoente, se recusou a passar a palavra para os deputados, monopolizando o microfone por horas. A postura apenas irritou os parlamentares, inclusive da sua própria base.

E hoje, acordamos com a notícia de que a nova pesquisa nacional Quaest mostra que a aprovação do presidente Lula literalmente explodiu!

Segundo a Quaest, com 2.029 entrevistas presenciais, realizadas entre os dias 10 a 14 de agosto, o presidente Lula atingiu a sua maior aprovação desde o início do governo, atingindo 60%.

A desaprovação, por sua vez, caiu para 35% (estava em 40% em junho), e o número de indecisos se mantém muito baixo, em 5%.

Na estratificação por região, está claro que Lula conquistou o Sudeste e o Sul. A mudança nessas regiões é notável.

No Sul, por exemplo, a aprovação de Lula subiu 11 pontos e chegou a 59%.

No Sudeste, a aprovação de Lula vem crescendo de maneira muito firme, chegando a 55%.

Na análise por escolaridade, o desempenho de Lula melhorou em todas as faixas. Lula agora também é bem avaliado entre eleitores mais educados, tanto com ensino médio (56% de aprovação), como aqueles com ensino superior (53% de aprovação).

Essa melhora de Lula entre eleitores mais instruídos tem significado estratégico para o presidente, porque são pessoas com mais influência nas redes sociais e na opinião pública.

Também é significado que Lula tenha melhorado sua performance em todas as faixas de renda. Entre os mais pobres, com renda familiar até 2 salários, Lula atingiu 68% de aprovação, o que é um patamar impressionante. Provavelmente nenhuma outra liderança política na história do país foi tão querida entre os mais pobres.

Mas é muito bom para Lula que ele tenha também crescido na classe média, tanto nessa parcela mais humilde (e mais numerosa), com renda familiar entre 2 a 5 salários, na qual ele agora tem 56% de aprovação, como entre os mais ricos, com renda superior a 5 salário, onde o petista pontuou 49%.

Outra excelente notícia para Lula, naturalmente, é a melhora entre os evangélicos, um setor que deu muita dor de cabeça para o campo democrático nas eleições, mas que agora, pelo jeito, começa a cair na real. Segundo a Quaest, 50% dos evangélicos agora aprovam o trabalho do presidente Lula.

Os dados estratificados pelos votos no segundo turno mostram que os eleitores de Lula se mantém absolutamente magnetizados pelo presidente: a aprovação de Lula entre quem votou nele é de 93%.

Mas Lula também está penetrando no bolsonarismo, onde ele já tem 25% de aprovação entre eleitores de Bolsonaro no segundo turno.

Outro dado importante é a forte e crescente aprovação de Lula, de 58%, entre todos aqueles que não foram votar ou que votaram em branco em 2022.

A avaliação geral do governo também melhorou bastante, chegando a 42% de positivo, 29% de regular, e apenas 24% de negativo.

Por fim, um dos gráficos que ajudam a dar consistência a toda a pesquisa é o que traz a pergunta sobre a economia do Brasil. Em conformidade com alta aprovação do presidente Lula, temos um percentual crescente de eleitores achando que a economia melhorou (34%), e uma parcela cada vez menor, por sua vez, achando que piorou (23%).’

A íntegra da pesquisa pode ser baixada aqui.

Conclusão

Podemos retomar a nossa teoria da gravidade, que nos foi muito útil durante nossas análises de pesquisa durante o processo eleitoral de 2022.

A alta da popularidade de Lula, confirmada em mais uma pesquisa, aumenta a sua força gravitacional, ou seja, ajuda o presidente num momento particularmente delicado de seu governo, que é o seu esforço para realizar uma reforma ministerial que lhe permita consolidar uma grande base parlamentar de apoio.

Quanto a oposição, a pesquisa cai como uma bomba, e num momento em que ele está imensamente fragilizada, por seus próprios erros, como investir tanta energia, recursos, tempo, numa guerra que ela já perdeu, como é o caso da CPMI do 8 de janeiro.

Originalmente publicado em O Cafézinho

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