Amigo de Huck e “padrinho” de Tabata, fundador do RenovaBR não se arrepende de voto em Bolsonaro

De Joelmir Tavares na Folha de S.Paulo.
“Mudar a política no Brasil”, utopia do RenovaBR, não é algo que se faça sem o apoio de muitos amigos nem sem deixar alguns inimigos pelo caminho, conforme o relato do empresário Eduardo Mufarej, fundador da escola de políticos, em livro que será publicado nos próximos dias.
“Jornada Improvável – A História do RenovaBR, a Escola Que Quer Mudar a Política no Brasil” (ed. Intrínseca) narra, sob o ponto de vista de Mufarej —investidor e executivo convertido em uma espécie de mecenas da renovação política—, a criação do curso para capacitar potenciais candidatos.
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Em sua primeira turma, o Renova elegeu deputados federais como Tabata Amaral (PDT-SP), Felipe Rigoni (PSB-ES), Joenia Wapichana (Rede-RR) e Vinicius Poit (Novo-SP). Em 2020, ajudou a levar Cris Monteiro (Novo) e Rubinho Nunes (Patriota) à Câmara Municipal de São Paulo, por exemplo.
As controvérsias, cobranças e críticas que compõem o pano de fundo da história também estão no livro, como a adaptação no formato para evitar problemas judiciais com base na proibição de doações privadas para campanhas e a permanente desconfiança sobre intenções e interesses do projeto.
Na obra, Mufarej —um dos fundadores do Novo, partido do qual se afastou ao criar o Renova— apresenta a iniciativa como fruto de sua inquietação com os rumos da política brasileira pós-2013 e o despreparo da maioria dos eleitos, com impactos na “capacidade de geração de riqueza do país”.
Desfia críticas à era PT e diz que a polarização começou na corrida presidencial de 2014, vencida por Dilma Rousseff “por uma pequena diferença de votos em relação ao adversário”, Aécio Neves (PSDB), “em uma eleição duríssima e muito suja”.
O autor narra um encontro com o ex-presidente Lula do qual participou, meses antes daquele pleito, a convite do empresário Abilio Diniz —um dos amigos do PIB nacional que se entusiasmariam mais tarde com sua ideia de fundar um curso para preparar novos políticos.
Na obra, Mufarej conta que, “atentamente, sem raiva”, escutou Lula, que ele considera ter sido, possivelmente, quem “teve a maior oportunidade de apontar o Brasil para a direção certa”.
“Beneficiou-se de um período extraordinário da economia internacional e tomou medidas competentes de combate à pobreza […]. Mesmo assim, como muitos que o antecederam, acabou fracassando por ceder às más práticas e ao personalismo”, escreve sobre o petista.
Veio daí, segundo ele, a decisão de dar seu voto a Jair Bolsonaro (à época no PSL, hoje sem partido) na corrida presidencial de 2018 —no primeiro turno, foi de João Amoêdo (Novo). “Não dava para votar no PT. O partido de Lula tinha quebrado o país. […] No segundo mandato de Dilma Rousseff vi o país na UTI.”
Descrevendo-se como “um cara de centro-direita em algumas pautas e de centro-esquerda em outras”, Mufarej justifica sua escolha pelo viés econômico. Diz ter optado por um caminho de responsabilidade fiscal e recuperação da confiança.
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