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André Singer: Lula está sendo posto fora da condição de candidato para sempre

Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Ricardo Stuckert

Da coluna de André Singer, publicada na Folha:

Luiz Inácio Lula da Silva, 73, foi condenado na quarta (6) a 12 anos e 11 meses de reclusão por acusações referentes ao sítio de Atibaia. Somada à pena de 12 anos e 1 mês no caso do apartamento no Guarujá, o ex-presidente ficaria inteiramente livre aos 96. Se não tiver outras condenações, passaria para o regime semiaberto em quatro anos e para o de liberdade provisória em oito.

Lula está sendo posto fora da condição de candidato para sempre. O mesmo não acontece, nem ocorrerá, enquanto as condições atuais permanecerem, em relação ao presidente da República, hoje o principal líder das hostes antilulistas. A assimetria de recursos torna manca a democracia brasileira.

De modo a evidenciar o desequilíbrio, adotemos, para efeito de raciocínio, a tese expressa pelo repórter Mario Cesar Carvalho nesta Folha. Haveria provas abundantes de que as reformas no sítio foram bancadas “por uma espécie de consórcio informal” entre a Odebrecht e a OAS. Mas não existiria evidência de que a obra teria relação com os desvios de recursos na Petrobras.

(…)

Agora vejamos o caso de Bolsonaro. Em janeiro, o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou operação contra supostos chefes de milícias na zona oeste da capital fluminense. 

(…)

Sobre Bolsonaro serão exigidas provas minuciosas de ligação entre o primeiro servidor do país e atos específicos, sem as quais acusações serão consideradas “meras acusações”. Dois pesos e duas medidas. Elas obrigam o campo popular a jogar com as mãos amarradas, enquanto o antipopular nada de braçada.