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Após caso Chico Pinheiro, Globo proíbe jornalistas de se manifestar nas redes sociais

De acordo como site Notícias na TV, a Globo vai publicar nos próximos dias uma nova edição dos Princípios Editoriais do Grupo Globo, agora com regras sobre o comportamento em redes sociais.

Em ano de Copa do Mundo e de eleições presidenciais, eles estão expressamente proibidos de manifestarem preferência por clubes de futebol, de curtir posts de candidatos no Facebook e até de expressarem suas opiniões sobre temas políticos em conversas privadas em aplicativos como o WhatsApp.

O atual manual de Princípios Editoriais da emissora já prevê que jornalistas não podem se engajar em campanhas políticas de forma alguma. Não podem trabalhar, anunciar apoio publicamente ou usar adereços que os vinculem a partidos ou candidaturas.

Para a emissora, as novas regras são uma necessidade “natural” diante da evolução tecnológica e das mídias sociais. “É natural que as diretrizes da empresa sejam atualizadas com diretrizes mais detalhadas sobre o uso de redes sociais, na linha do que já fizeram veículos de prestígio como The New York Times e BBC. Essas diretrizes visam a evitar tudo o que comprometa a imagem de isenção dos veículos do Grupo Globo”, disse o departamento de Comunicação em nota ao Notícias da TV.

Na semana passada, chefias da área de Jornalismo se reuniram com seus subordinados para informar as novidades. Para repórteres e editores, ficou claro que as restrições a partir de agora serão totais, que eles não poderão mais opinar nem para um amigo. “Mesmo quando você escreve reservadamente para alguém, não deve emitir opinião porque, se isso vazar, vai se encaixar nas normas de comportamento em redes sociais”, disse um chefe de São Paulo.

WhatsApp, que é um mecanismo de troca de mensagens, e LinkedIn, uma rede social de negócios, passarão a ter o mesmo tratamento que Facebook, Twitter e Instagram. Alguns profissionais classificaram as novas regras de “terror”. Entendem que podem ser demitidos se criticarem a um grupo de amigos no WhatsApp a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, como fez Chico Pinheiro em abril.

Embora não citasse o âncora do Bom Dia Brasil, na época o diretor-geral de Jornalismo, Ali Kamel, emitiu um comunicado interno alertando sobre o assunto.

“Não se pode expressar essas preferências [políticas e partidárias] publicamente nas redes sociais, mesmo aquelas voltadas para grupos de supostos amigos”, ensinou Kamel, porque, “uma vez que se tornem públicas pela ação de um desses amigos, é impossível que os espectadores acreditem que tais preferências não contaminam o próprio trabalho jornalístico, que deve ser correto e isento”.

Nos bastidores, a nova norma recebeu o apelido de “Lei Chico Pinheiro”. A Globo diz que punições não estão previstas na nova edição impressa dos Princípios Editoriais.

Bonner, Kamel e Fátima Bernardes