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Após suspensão, Daniel Cara recupera conta no Twitter e repete: “Bolsonaro é um genocida”

A suspensão do Twitter de Daniel Cara veio após uma postagem em que chamou o presidente de “genocida”. Foto: Reprodução

O educador Daniel Cara recuperou sua conta do Twitter após a suspensão da última terça (16).

A suspensão veio após um tuíte com críticas ao governo Bolsonaro e à gestão do presidente na pandemia, que chamou de “genocida”.

Nesta sexta (19), a conta dele foi recuperada.

Daniel Cara afirma que a censura da rede social é “revoltante” e teve sua “liberdade de expressão cerceada”.

“Nada vai nos calar, tampouco me intimidar. REPITO o que disse antes da minha inaceitável suspensão: Jair Messias Bolsonaro faz uma gestão genocida da pandemia. Por decorrência, é um genocida. Portanto, ele tem de responder por crimes contra a humanidade. É o que advogo”.

Leia o pronunciamento de Daniel Cara na íntegra:

“Antes de mais nada, agradeço a solidariedade de milhares de pessoas que denunciaram o ocorrido, desde a primeira hora. Ter a liberdade de expressão cerceada é revoltante, mas a primeira sensação que fica é a de completa impotência. 

Por orientação jurídica, esperei uma justificativa aceitável do Twitter, o que não ocorreu até o momento. E isso é tão absurdo quanto abusivo – não vai ficar assim! Tenho uma trajetória de trabalho, que ficou reiterada com a indignação de vocês com a suspensão da conta.

Só pelo direito à educação, tenho 14 anos de conquistas no Parlamento brasileiro e no sistema ONU – sendo fonte frequente da imprensa. Desde 2020 sou professor da USP. E em 2018, pelo PSOL, fui candidato ao Senado Federal por SP, obtendo 440.118 votos. 

Nada disso importou e sequer deveria importar: todos os usuários deveriam ser respeitados. Porém, não é o que ocorre. As Big Techs fazem escolhas e, por conveniência, são permissivas com comportamentos antidemocráticos. Quem avalia, comanda e controla as interações são elas. 

Bots bolsonaristas vandalizam o Twitter e chegam a subir hashtags com erros, comprovando que são robôs. Enquanto isso, a gestão da plataforma faz vistas grossas. O motivo é simples: o Twitter é o principal beneficiário das polêmicas, talvez o único, pelo volume de interações. 

Já era assim antes da Covid-19, mas a pandemia ampliou um fenômeno: as redes sociais (de propriedade privada) se tornaram um “espaço público”. Contudo, elas têm regras e controles próprios, sem qualquer regulação e transparência. E isso enfraquece ainda mais a democracia. 

Agora, além de lutar pela consagração do direito à educação e pelo investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação, reforçarei a agenda de democratização das comunicações. Precisamos exigir transparência das Big Techs, dando limites a seu arbítrio e domínio sobre nossas vidas. 

Nada vai nos calar, tampouco me intimidar.

REPITO o que disse antes da minha inaceitável suspensão: Jair Messias Bolsonaro faz uma gestão genocida da pandemia. Por decorrência, é um genocida. Portanto, ele tem de responder por crimes contra a humanidade. É o que advogo”.