Na palestra, o ministro destacou 3 problemas que impedem o Brasil de avançar: o patrimonialismo, uma cultura de desigualdade e desonestidade institucionalizada.
“Criamos uma sociedade viciada no Estado. Temos que expandir a sociedade civil. Essa presença excessiva do Estado gera uma cultura de compadrio e favorecimento que está por trás do loteamento de cargos públicos”.
“Qualquer projeto no Brasil depende do Estado, de financiamento do BNDES, da Caixa Econômica ou da ajuda do prefeito”, afirmou o ministro.
Após citar estes grandes problemas nacionais, Barroso ponderou que a sociedade brasileira tem tido “a coragem” de “não mais varrer para debaixo do tapete” os casos de corrupção, que segundo ele, é sistêmico.
“A corrupção no Brasil não foi como nós bem sabemos produto de 1 conjunto de falhas individuais, foi uma corrupção endêmica e sistêmica com índices de contágio impressionantes que envolveu empresas estatais, agentes públicos, privados, membros do Executivo, do Legislativo”, disse.
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PS: Barroso se formou em universidade pública, a UERJ, onde também leciona. Em depoimento para um projeto de memória da faculdade, declarou-se apaixonado pela instituição pública, e disse que nessa área o Brasil melhorou muito. Veja o que ele disse:
Naquele tempo a vida acadêmica ainda não era uma carreira como é hoje, o concurso público, o mestrado, o doutorado. Esta é uma área em que o Brasil melhorou muito, melhorou em uma velocidade e até em quantidade muito expressivas. A vida acadêmica no Brasil, a Faculdade de Direito da UERJ… Nós somos um centro de referência, e nós somos os melhores mesmo. Eu não falo isso com nenhuma pretensão, porque é um projeto institucional. Então, não é “a”, “b” ou “c”: somos um time campeão verdadeiramente e fizemos uma Pós-Graduação da qual nos orgulhamos. Naquele tempo não era assim. Então, você dependia do professor que quisesse ajudar, que tivesse boa vontade, quase um favor. Eu sempre quis ser professor, desde o final da faculdade esse era o meu projeto de vida.
Ele conta que só conseguiu realizar o sonho de lecionar porque um professor, muito conservador, o ajudou — no início dos anos 80, ele tinha sido vetado pelo SNI para dar aula na universidade, por causa de seu passado de militância no movimento estudantil, mas professor,Jacob Dolinger, conseguiu remover o veto, e ele pôde dar aula.
Se Barroso tivesse estudado em instituição privada, ele teria chegado aonde chegou?
