Bolsonaro tem aprovação de “metade do patronato”, diz Janio de Freitas

Janio de Freitas escreve neste domingo (26), em sua coluna na Folha de S.Paulo, que Jair Bolsonaro mantém um apoio de elite nas redações jornalísticas. O que mantém ele em pé na mídia.
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Escreve o colunista:
“De volta ao personagem criado pela escrita cínica de Michel Temer —cumprido o breve intervalo de autenticidade na ONU—, Jair Bolsonaro sugere estar agora dedicado ao papel de cômico. Palhaço, mesmo. Cambalhotas verbais de um lado a outro. Mas, sem sair do roteiro de falsidades manjadas, não escapa da vaia. O deprimente, para a arquibancada, é que o Bolsonaro em exibição não é apenas o falacioso visto no comentarismo político. Tem mais e maior significação.
E aí está o escândalo que não faz escândalo: o Bolsonaro tal qual é, com todos os defeitos pessoais, a destrutividade e as anticivilidades que nenhum país pode suportar, tem a aprovação e o apoio de um em cada dois integrantes do patronato (retomo a nomenclatura abolida já no começo da ditadura, por iniciativa do dúbio Jornal do Brasil). Os integrantes desse segmento bolsonoide perfazem 47% da classe, quando, entre os brasileiros maiores de 16 anos, só 22% de fato batem palmas a Bolsonaro. Ou uma em cada cinco pessoas”.
E completa:
“Bolsonaro não representou na ONU, nem o faz em outro lugar, a população brasileira. Se, como quer a interpretação divulgada, discursou para os seus apoiadores, sobretudo falou por metade do numeroso patronato. Foi ali a voz dos objetivos e dos modos a que esse segmento aplaude pelo que fazem no e com o país.
Só há desvantagens em atribuir irrepresentatividade a Bolsonaro. Não é verdade, não ajuda a tentar compreender as realidades e o necessário para o presente e o amanhã, e emburrece. Bolsonaro e o Brasil por ele descrito são reconhecidos no restante do mundo como fraudes grotescas. Aqui, porém, o fraudulento e a própria fraude são realidades aprovadas e apoiadas por metade da força socioeconômica, e portanto política, que mais tem influído no destino do país”.
