Canalha até o fim, Cabo Anselmo é enterrado com nome falso

Na terça-feira (15), morreu José Anselmo dos Santos, conhecido como Cabo Anselmo. O ex-militar, que se destacou como infiltrado entre movimentos de oposição durante o regime militar, foi enterrado no cemitério Montenegro, em Jundiaí (SP), com o nome falso de Alexandre da Silva Montenegro.
Ele tinha 80 anos e estava internado em um hospital na cidade do interior de São Paulo. A morte de Anselmo foi em decorrência de complicações causadas por cálculo renal. De acordo com as primeiras informações, apenas a família esteve presente no velório.
Em março de 1964, ele integrava a associação de marinheiros no Rio quando liderou uma greve dos militares. O movimento acabou servindo de estopim para o golpe militar que depôs o presidente João Goulart e instalou uma ditadura no Brasil.
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Em 2004, o ex-militar entrou com um requerimento na Comissão de Anistia. No entanto, sua reintegração à Marinha e o direito à indenização de anistiado político foram negados.
Ele argumentou que foi perseguido pelos militares e chegou a ficar preso durante dois anos naquele período. A partir disso, teria passado a colaborar com a ditadura, dando informações ao regime militar que levou à prisão e à morte de sua própria esposa, Soledad Barret.
Anselmo recorreu da negativa da Comissão de Anistia e, em junho de 2020, a ministra Damares Alves, indeferiu seu recurso de reconsideração. Em entrevista à revista Veja, há quase dois anos, ele disse que agiu dos dois lados, mas que sua reintegração à Marinha seria justa.