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Caso do reitor Cancellier: Diretor da PF defende inquérito contra professores que protestam

Rogério Galloro

O diretor da PF, Rogério Galloro, justificou a abertura do inquérito para investigar os professores da Universidade Federal de Santa Catarina que se manifestam contra a investigação que, efetivamente, levou ao suicídio do ex-reitor, Luiz Carlos Cancellier. “A PF está perseguindo professores da UFSC que fizeram protestos contra agentes da operação que investigou o ex-reitor Luiz Carlos Cancellier?”, perguntou a repórter Andreza Matais. Depois que o reitor se suicidou, uma situação terrível, começou um movimento de muita crítica às autoridades que participaram da investigação, a delegada, a juíza, o corregedor da universidade. Foram colocadas fotos deles dizendo: ‘autoridades que cometeram abuso de poder e mataram o reitor’. E essa faixa é exposta toda vez que fazem uma manifestação. E essas autoridades se sentiram ofendidas”, disse o diretor, sem responder diretamente à pergunta, segundo a transcrição do jornal.

“Houve necessidade de abertura de inquérito?”, insistiu Andreza.É a mesma coisa de colocar, por exemplo, a foto de servidores e dizer: ‘Esses indivíduos estupraram alguém’. É uma acusação seriíssima. E esses indivíduos, cada vez que saem da oitiva, dizem que estão sendo perseguidos. Não é uma investigação contra a universidade. É de crime contra a honra”, acrescentou.

E quem vai responder pelos excessos da investigação que levou Cancellier à prisão, sem que contra ele houvesse acusação?

Se o que acontece na Universidade Federal de Santa Catarina não é uma forma censurar direito à manifestação, o que é?

Quem se sente ofendido, no caso a delegada ou a juíza, tem outros instrumentos para tentar a reparação, se for o caso.

Ao abrir o inquérito, a PF usa o peso do Estado contra uma comunidade que, ao fim e ao cabo, foi vítima de uma operação policial marcada mais pelo espetáculo da humilhação do que por resultados efetivos.