Celso de Mello chama Bolsonaro de ‘inconsequente’ após pedido de impeachment de Moraes

Ministro aposentado do STF, Celso de Mello criticou o presidente Jair Bolsonaro nesta sexta (20). Ele afirmou que o presidente não tem base para apresentar ao Senado o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. O juiz ainda apontou um crescimento de tensão entre os Poderes.
“Esse ato do Presidente da República, destituído de base legítima, praticado contra um magistrado independente e que não se atemoriza com gestos despojados de justa causa, evidencia conduta inconsequente que só faz aprofundar a ruptura na harmonia entre os Poderes do Estado, transgredindo, desse modo, um dos pilares fundamentais da ordem democrática e do Estado de Direito”, afirmou ao site Poder360.
Bolsonaro apresentou o pedido de impeachment de Moraes ao Senado no fim da tarde de hoje. Ele diz que o ministro do STF cometeu crime de responsabilidade ao dizer que ele atua “como verdadeiro censor da liberdade de expressão ao interditar o debate de ideia e o respeito à diversidade”.
O presidente havia dito que iria protocolar a ação. Ele acusou Moraes e também Barroso de ultrapassarem os limites da Constituição.
Só que o pedido entregue pelo presidente se diz respeito apenas a Alexandre. Ele prometeu que apresentará do Barroso em breve.
Vale destacar que o presidente é investigado em cinco inquéritos. Quatro no STF e um no TSE. No dia 4 de agosto, Moraes determinou que o chefe do Executivo fosse incluído no inquérito das fake news.
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Ex-ministro Marco Aurélio criticou Bolsonaro
O ministro aposentado Marco Aurélio Mello opinou sobre o pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes apresentado por Bolsonaro. O juiz apontou como uma “péssima” ação. Ele deixou a Corte em 12 de julho deste ano.
“Estão esticando muito a corda, e isso é muito ruim. Isso não é bom em termos de bem estar para a sociedade. É péssimo em termos de fortalecimento das instituições, o momento, principalmente considerada a crise de saúde, é de temperança, de compreensão, de todos estarem unidos visando o melhor para o povo”, declarou ele para O Globo.
Marco Aurélio também afirmou que não vê chance do pedido prosseguir no Senado. Ele acredita que apenas vai deixar a relação dos três Poderes mais enfraquecida. “Decisão judicial se observa ou se impugna”, avaliou.
“Eu acho que é péssimo, eu não vejo com bons olhos o que está ocorrendo. Temos que respeitar a cadeira de presidente, a cadeira de ministro do supremo, isso é o que convém. São os tempos estranhos. Onde vamos parar em 2022?”, acrescentou.