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Colunista da Veja defende que não se apurem crimes da ditadura: “caso encerrado”

 

Num artigo obscurantista, o colunista da Veja J.R. Guzzo aponta que não se deve apurar os crimes da ditadura porque eles fariam parte, segundo ele, de um “mundo morto”, seja lá o que isso significa.

A “denúncia da CIA”, acredita ele, não passa de uma “viagem ao passado”.

As responsabilidades teriam de ter sido apuradas lá atrás. Mas para isso seria indispensável que os militares tivessem perdido seu combate contra os grupos que queriam derrubá-los — só assim poderiam ter sido presos, julgados e condenados. (Ou “executados sumariamente”, talvez.)

Acontece que os militares não perderam. Saíram do governo porque quiseram e foram em boa ordem para as suas casas, protegidos por uma lei de anistia legalmente aprovada. Não passou pela cabeça de ninguém, na hora, chamar o general Pedro ou o coronel Paulo para responder a inquérito nenhum. Caso encerrado, então. Punições deste tipo ou vêm imediatamente após o encerramento do conflito, ou não vêm nunca mais.

A julgar pelos pedidos de intervenção militar na greve dos caminhoneiros e pelo desempenho de Bolsonaro, esse pedaço da história está mais vivo do que nunca.

Estranho mesmo é Guzzo querer enterrar tudo dessa maneira. Diz mais sobre ele do que sobre os militares que defende.

No Twitter, o jovem Thiago Netz chamou a atenção para a estupidez da tese perpetrada pelo jornalista:

“Belo incentivo ao desconhecimento, à ignorância da época e à ocultação de crimes cometidos até pelos líderes maiores da Ditadura. Fora a ingenuidade em não perceber que instituições sobrevivem e que práticas e valores se reproduzem mesmo em gerações mais novas. Uma ode à barbárie”.

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