Cristina Serra ironiza carta de banqueiros: “Entenderam que estamos todos na mesma tormenta?”

Neste domingo (21), mais de 500 banqueiros e economistas cobraram o governo Bolsonaro por medidas efetivas contra a pandemia.
Entre os nomes aparecem as famílias Setubal e Moreira Salles, que figuram entre as famílias mais ricas do país e são donas de grandes companhias.
Cristina Serra, em artigo publicado na Folha, ironizou a “carta tardia de parte expressiva do PIB”.
“Foi preciso um ano de pandemia, quase 300 mil cadáveres, o colapso dos hospitais e um tombo colossal na economia para que parte expressiva do PIB se manifestasse publicamente sobre a catástrofe humanitária que nos põe de joelhos?”, questiona.
A colunista ironiza o apoio dos empresários a Bolsonaro em 2018 e questionam o arrependimento, quase 3 anos depois:
“O que mudou? Entenderam que não adianta ter dinheiro para pagar UTI aérea para Miami? Que não somos bem-vindos em nenhum país porque cevamos um criadouro de variantes agressivas do vírus? Que estamos todos na mesma tormenta, embora milhões a enfrentem agarrados a um pedaço de pau e pouquíssimos em um transatlântico? Simplesmente perceberam que Paulo Guedes não tem força para demolir o Estado, como esperavam ? Ou a soma disso tudo?”
Segundo ela, com a carta, “nossa elite mostra como é elástica sua tolerância diante de uma tragédia que atinge principalmente os mais pobres”.
“Apesar de tardia, a carta pode até ajudar a controlar rompantes autoritários de Bolsonaro. Daí a conter o genocídio que nos abate há longa distância. Para isso, é preciso combinar com os mercenários e franco atiradores do centrão. E enquanto você lê esse texto, mais um coração brasileiro parou de bater”, completa.