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Deputado bolsonarista Filipe Barros é “influenciador” de ataques ao STF, diz relatório da PF

De Paulo Roberto Netto, Pepita Ortega, Rafael Moraes Moura e Rayssa Motta no Blog de Fausto Macedo no Estado de S.Paulo.

Relatório técnico da Polícia Federal identificou o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) como ‘influenciadores’ de divulgação de publicações com ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal. Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, caracterizou o ‘gabinete do ódio’ como associação criminosa dedicada a ataques ofensivos, subversão da ordem e quebra da normalidade democrática.

Parte das diligências realizadas pela PF foram transcritas na decisão de Moraes e descrevem que, ao realizar buscas por palavras-chave no Twitter, os investigadores identificaram ‘a existência de um mecanismo coordenado de criação e divulgação das referidas mensagens entre os investigados’.

Os perfis utilizavam seus seguidores para criar hashtags que atacassem os ministros para então reproduzi-las em suas contas. Dessa forma, ficariam seguros de que não foram eles os responsáveis pela criação da hashtag. A PF também identificou indícios que as publicações sejam disseminadas por meio de robôs com objetivo de atingir números expressivos de leitores. A estrutura seria financiada por empresários que forneciam recursos ‘de maneira velada’.

A busca identificou, entre 7 a 11 de novembro do ano passado, publicações que utilizaram uma ou mais das seguintes palavras-chave: #impeachmentgilmarmendes, #STFVergonhaNacional, #STFEscritoriodocrime, #hienasdetoga, #forastf, #lavatoga, STF, SUPREMO, IMPEACHMENT, toffoli ou gilmar.

Em comum, ao menos onze perfis ‘influenciadores’ que se seguem e se compartilham nas redes foram identificados, incluindo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos e o deputado federal Filipe Barros. Santos foi alvo de buscas e apreensões enquanto o parlamentar foi intimado a depor em até dez dias perante a Polícia Federal. As contas foram alvo de ordem de bloqueio por parte do ministro.

Para explicar a atuação do grupo, a PF utilizou como exemplo o período em que as contas cobraram impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, em novembro do ano passado. De acordo com as diligências, os onze perfis ‘influenciadores’ não necessariamente utilizaram uma hashtag para direcionar o ataque escolhido, ‘valendo-se muitas vezes de seus seguidores para criar uma hashtag e impulsionar o ataque’.

“Assim, os perfis influenciadores não apareciam como criadores da hashtag que simboliza o ataque”, aponta a PF.

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ENTENDA O CASO – Exclusivo: Dossiê revela conta no Twitter usada pelo cérebro do gabinete do ódio. Por Pedro Zambarda

Diagrama com as contas ‘influenciadoras’ em relação aos perfis de Allan dos Santos e Filipe Barros. Foto: Reprodução