Economia dá sinais de desaceleração com fim do “dinheiro extra” e alta dos juros

Foto: Reprodução/Gabriel Monteiro
Com previsão para o inicio de 2023, a desaceleração da economia atingirá o Brasil ao final deste ano, e analistas preveem o Produto Interno Bruto (PIB) chegando a zero ou negativando no último trimestre. O comércio também projetou que as vendas no Natal deste ano devem ficar abaixo do registrado no ano anterior.
Com a alta da taxa básica de juros para o combate da inflação, iniciada em março de 2021, quando a Selic estava em 2%, agora, está chegando a 13,75% ao ano, alcançando a indústria e o varejo. Os dois setores enfrentam dificuldades para vender bens duráveis financiados, considerando o elevado custo do crédito.
“O quarto trimestre deverá ser o ápice da desaceleração da economia”, destacou o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes. “Teremos um Natal pior do que o do ano passado”.
Desde agosto deste ano, com o início da campanha eleitoral, ao menos R$ 21 bilhões foram empenhados no repasse direto de dinheiro para eleitores que recebem benefícios e programas sociais ofertados pelo governo do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Após os resultados do primeiro turno, em apenas uma semana, o governo esvaziou os cofres públicos e mais de R$ 15,7 bilhões do dinheiro “extra” foram direcionados para novos benefícios.
Mesmo com as “novas” benfeitorias do governo, ainda assim, a previsão para o final do ano é negativa.
Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal, avaliou que a economia brasileira se encontra em um momento de transição entre choques significativos.
Por um lado, a reabertura da economia e o estímulo fiscal adicional do governo, que permitem um nível de atividade maior do que o antecipado. Porém, pelo outro, o aperto das condições financeiras tanto locais como as globais, que favorecem o “esfriamento” da atividade econômica.
“A economia brasileira deverá, necessariamente, desacelerar em algum momento”, informou Sichel.