Elio Gaspari chama o reitor Cancellier, que se matou, de “o desencanto da Lava Jato”

O jornalista Elio Gaspari, em sua coluna de domingo (2) na Folha de S.Paulo, abordou o caso do reitor Cancellier, da UFSC, que cometeu suicídio, e a Lava Jato em um livro.
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Elio Gaspari fala sobre o reitor
Ele começa:
“Está nas livrarias ‘Recurso Final’ do repórter Paulo Markun. Conta a vida e a morte de Luiz Carlos Cancellier, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina que foi preso em setembro de 2017 pela Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal”.
Desenvolve:
“Quando Cancellier foi publicamente humilhado, a operação Lava Jato estava no seu esplendor. Passados quatro anos, ‘lava-jatismo’ tornou-se um neologismo da língua portuguesa (ele originou-se há poucas semanas, quando a Polícia Federal cancelou uma entrevista coletiva que daria moldura espetaculosa a uma operação contra os irmãos Ciro e Cid Gomes, no Ceará).
Cancellier e seis outros professores da UFSC foram presos sob a suspeita trombeteada de terem desviado R$ 80 milhões de um programa de ensino a distância (as trombetas tocavam de ouvido, porque nas partituras documentais essa cifra nunca existiu).
Markun ouviu dezenas de pessoas e atravessou uma papelada de mais de 20 mil páginas. Seu livro tem três histórias, a da vida de Cancellier, a da futrica acadêmica que levou à sua prisão e a da ruína a que o professor foi submetido”.
E conclui:
“Todos os personagens desse drama eram servidores públicos conceituados. Além do caso em si, havia o clima instalado no país. Hoje, ninguém acusa Cancellier. As trombetas de setembro de 2017 guardam silêncio. Por essa razão nenhum deles foi citado nominalmente neste texto. Que vivam em paz.
Em tempo: O juiz Sergio Moro, detonador do lava-jatismo, nada teve a ver funcionalmente com o episódio
(…)
Guimarães Rosa disse que ‘as pessoas não morrem, ficam encantadas’. Desde 2017 sabia-se que Cancellier ficaria encantado no desencanto do lava-jatismo”.