Empresários dizem que Bolsonaro inviabilizou o país

Para empresários, Jair Bolsonaro inviabilizou o país. Executivos e presidentes de associações dizem que a crise institucional dificulta atração de investimentos, mina a aprovação de reformas e piora o ambiente de negócios.
A avaliação é de representantes dos setores do varejo, automotivo, têxteis, plásticos, aéreo, turismo, telecomunicações e infraestrutura.
Ao Globo, os empresários afirmaram estar cansados da crise causa pelo presidente.
“O ambiente que estamos passando não é o melhor para defender projetos junto às matrizes”, diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. Ele reclama da concorrência com países com custo de produção menor e ambiente político mais tranquilo.
“Esperamos que o Supremo, do ponto de vista jurídico, encontre uma solução e, do ponto de vista político, que o Congresso tenha a decisão mais sábia possível, ouvindo a sociedade. A imagem do país já não é boa, esses últimos eventos criam maiores preocupações em nossas matrizes”, prossegue.
CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, diz que é hora de ter “equilíbrio e calma no ambiente institucional”. “Precisamos ter foco em confiança, geração de emprego e retomada da economia, principalmente depois da pandemia”.
Leia também:
1 – Empresas listadas na Bolsa reduziram seus investimentos desde o golpe contra Dilma
2 – Investimento estrangeiro despenca no Brasil e diminui 65% em maio
“Bolsonaro esticou demais a corda”
Presidente da Abiplast, do setor de plásticos, José Ricardo Roriz Coelho afirma que o tom de Bolsonaro no 7 de setembro atrapalha o empresariado. “Bolsonaro puxou demais a corda, a ponto de que isso pode não ter volta. É muito ruim porque tira o foco de uma agenda de reformas que o país precisa, de recuperação econômica”, diz ele, que também é vice-presidente da Fiesp.
Para Fernando Pimentel, presidente da Abit, do setor têxtil, “quem perde são os mais pobres”. “O custo do capital está mais alto, e isso prejudica todas as decisões de investimento. Toda essa polarização não é simples de resolver, mas deve ao menos ser atenuada”, reclama.
“O nervosismo está à flor da pele com as consequências da pandemia na economia, crescimento da pobreza, desemprego. O setor produtivo precisa de tranquilidade para poder trabalhar”, critica Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop).
Representante do turismo, como Alfredo Lopes, do Hotéis Rio, diz que a crise dificulta a reabertura para o mercado internacional. “Quem quer visitar um país em convulsão? Isso é jogar a recuperação para cada vez mais longe”.
Na infraestrutura, representantes acreditam haver risco acerca de investimentos.
Paulo Pedrosa pede diálogo para findar a crise. Ele é presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace). “Os feitos da instabilidade política precisam ser enfrentados com uma agenda de conciliação para não afetar a retomada do crescimento”, propõe.