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Empresas que exploram pedágio nas rodovias em SP confessam pagamento milionário por fora a Alckmin, Serra e Aloysio

Unidos na pilhagem, mas cada um com seu esquema

Da Folha

A CCR, maior concessionária de estradas do país e quinta do mundo, deu cerca de R$ 5 milhões para o caixa dois da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2010, segundo relatos feitos por representantes da empresa ao Ministério Público de São Paulo.

O dinheiro teria sido entregue ao cunhado de Alckmin, o empresário Adhemar Ribeiro, segundo a narrativa feita à Promotoria, e não consta da prestação de contas.

É a segunda vez que o cunhado é associado a arrecadações ilegais de campanha. A Odebrecht relatou em acordo de delação ter entregue R$ 10,7 milhões a ele, também na campanha de 2010.

A CCR não pode fazer doações eleitorais por ser concessionária de serviços públicos, como estradas, metrô e barcas. Já era esse o entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) à época da doação, em 2010. Três anos depois esse veto virou lei na minirreforma política.

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Nos relatos reunidos pelo promotor José Carlos Blat, a CCR aparece como doadora de R$ 23 milhões para três políticos tucanos de SP entre 2009 e 2012: além de Alckmin, são citados o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e o senador José Serra. Os valores que teriam sido entregues a Serra e Aloysio ainda não foram apurados.

Alckmin e Aloysio negam ter recebido esses valores; Serra não se manifestou.

A cifra de R$ 23 milhões é uma estimativa inicial. O valor exato está sendo investigado por um comitê independente constituído pela CCR.

O ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado pela força-tarefa da Lava Jato em São Paulo como operador do PSDB, é citado como o responsável pela arrecadação para Aloysio. Já o empresário Márcio Fortes é acusado de ter feito a operação para Serra.

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​OUTRO LADO

A assessoria do ex-governador Geraldo Alckmin diz desconhecer a investigação sobre a suposta doação da CCR. Em nota, declara o seguinte:

“1 – A defesa do ex-governador Geraldo Alckmin não tem conhecimento de qualquer denúncia relativa ao fato descrito pelo pedido da reportagem. De qualquer maneira, o fato nunca existiu. É falso.

2- O ex-governador continua disposto a prestar todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes.

3- Estranha-se o fato de essa investigação (caso realmente exista) estar sendo conduzida pelo Ministério Público estadual, e não pelo Ministério Público Eleitoral”.

O ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) disse que “isso é pura e simplesmente uma mentira”.

O senador José Serra (PSDB-SP) e a defesa do engenheiro Paulo Vieira de Souza não quiseram se pronunciar. A Folha não conseguiu localizar a defesa de Adhemar Ribeiro, cunhado de Alckmin.

A CCR informou por meio de nota que um “comitê independente de alto nível” está apurando as informações sobre os valores repassados a Adir Assad. O comitê é assessorado por escritórios de advocacia nacional e internacional e empresa especializada em investigação.

A empresa afirma que “continua a trabalhar em seu plano de crescimento qualificado, tendo como premissas a disciplina de capital, ética e transparência”.