Esquerda quer tirar a hegemonia no uso da bandeira do Brasil dos bolsonaristas

De Felipe Pereira no UOL Tab.
Bandeiras vermelhas, buzinas no talo e panelaço. A carreata pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em São Paulo, teve tudo que se espera de uma ato da esquerda e um ingrediente adicional: bandeiras do Brasil. Elas estavam com manifestantes que quiseram passar a mensagem de que se trata de um símbolo nacional, não uma propriedade de um campo político.
“A bandeira é do povo!!! Não do Bozo”, dizia em letras garrafais a faixa colocada por Cidinha Martins, 59, na traseira da caminhonete que dirigia. Além do apelido pejorativo do presidente, o carro exibia uma bandeira brasileira na lateral. A motorista ressaltava que protesta somente contra Bolsonaro e entende que os símbolos nacionais são patrimônio popular.
A bandeira, a camisa da seleção brasileira e usar verde e amarelo se tornaram marcas das passeatas pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na sequência, foram associadas a Jair Bolsonaro. Matheus Carvalho Resende, 22, afirmou que a direita cooptou esses símbolos, processo que também ocorreu com outras instituições, como o clube de futebol Palmeiras.
Ele lamenta que um campo político tome posse de ícones que representem a totalidade da população ou tente se vincular a um time de futebol, que tem pessoas de todas as vertentes políticas em sua torcida. Por esse motivo, Matheus fez questão de levar a bandeira para a manifestação contra o presidente.
“A gente não pode deixar eles [direita] tomarem esses símbolos. Não podemos deixar que a bandeira seja do Bolsonaro. Ela é do Brasil, ela é do povo.”
As pessoas que estavam com bandeiras do Brasil contaram que não houve articulação conjunta; cada um levou por decisão individual. José Victor Santos Pereira, 20, comemorou o fato de mais gente acreditar que nem a esquerda nem a direita têm direito de se apoderar de algo que pertence a todos os brasileiros.
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