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Esquivel: “Dar a Lula o Nobel da Paz seria importante para tirá-lo da prisão”

Esquivel em frente à sede da PF em Curitiba

O argentino Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz, deu entrevista ao jornal Público: 

Você acaba de declarar que teme pela vida de Lula, após a negação de permissão para ir ao funeral de seu irmão. Em que sentido você tem medo?

Eu não acredito no atual governo brasileiro, nem em seu atual sistema judiciário. Não há garantia sobre a vida de Lula e esse é o medo e a preocupação que temos. Porque eles agem com absoluta e absoluta impunidade, tanto no poder judiciário quanto no político. E isso me faz temer pela vida de Lula.

Em que ponto está a candidatura do Nobel? Que sensação você tem?

Em outubro passado, apresentei ao comitê do Nobel a proposta, acompanhada de quatrocentas assinaturas de personalidades internacionais, incluindo Noam Chomsky, Leonardo Boff e organizações latino-americanas, americanas e européias. O que abrimos mais tarde foi um abaixo assinado (até 31 de janeiro havia mais de meio milhão) e o pedido a indivíduos e entidades para enviar cartas ao comitê do Nobel apoiando a proposta. Em outubro o prêmio será conhecido, mas meu sentimento? Espero que eles o concedam a Lula porque seria justo e porque fortaleceria as instituições democráticas profundamente prejudicadas no Brasil.

Lula foi presidente do Brasil de 2003 a 2011. A candidatura em 2019 é uma ferramenta para promover sua libertação?

Isso seria importante. No meu caso, eu estava na prisão quando a campanha começou em favor da minha nomeação como Prêmio Nobel da Paz em 1980. E a candidatura não ajudou mais a minha libertação. Nessa linha seria bom que Lula pudesse continuar fazendo contribuições para o seu povo. O juiz que o condena, Sérgio Moro, o atual ministro de Justiça e Segurança do Brasil, não é garantia de imparcialidade, mas, ao contrário, prova de que havia um objetivo político direto para tirá-lo do meio das eleições presidenciais.