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Ex-membro da Lava Jato reconhece mensagens: “Eram nossos nudes”

Deltan Dallagnol

Do Globo:

Ex-integrante da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, o procurador regional Orlando Martello enviou um e-mail aos seus colegas fazendo um desabafo sobre o teor dos diálogos mantidos entre os procuradores da operação, que vieram a público após hackers terem invadido o aplicativo Telegram usado pelo procurador Deltan Dallagnol. (…) Martello afirma não se recordar da maior parte das conversas, mas não chega a contestar a autenticidade dos diálogos. Diz que as conversas foram tiradas do contexto e isso distorceu o sentido das frases proferidas pelos procuradores.

“Sinceramente, não me recordo da grande maioria das mensagens… e digo isso com sinceridade mesmo! Foram tantas mensagens, muitas em finais de semana, em dias festivos, de madrugada. Fizemos várias intervenções em plantão de recesso, uma prisão no dia 31, um pouco antes da virada do ano. Certamente os diálogos da época podem estar permeados com sons de brindes de espumante e cardápio da ceia. Mas não estou aqui para negar as mensagens, mas para dar satisfação!”, escreveu. Ele prossegue explicando que todas as investigações da força-tarefa eram divididas entre os seus integrantes e as decisões importantes eram todas tomadas em reuniões colegiadas.

“Para que fossem produtivas e objetivas, adotamos o método de fazê-las em pé, ao redor da mesa de reuniões, sempre no início da tarde, antes das audiências. Aqui estava a institucionalidade das reflexões e decisões. Quanto ao grupo de Telegram, creio que todos têm noção do que ocorre. Era uma área livre, uma área de descarrego, em que expressávamos emoção, indignação, protesto, brincadeiras…, muitas infantis sim. Sem dúvida, podemos ter extrapolado muitas vezes. Eram (ou são) os nossos ‘nudes’, uma área em que os pensamentos são externados livremente e sem censura entre amigos, alguns de mais de décadas. Expostos a terceiros, causa vergonha!”, afirmou.

(…)

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